Sou Cultura viva, pulsando no compasso da bateria! Sou sangue do gigante Brasil!

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segunda-feira, 20 de junho de 2011

Parabéns a vocês!

Ao longo da história dos desfiles das escolas de samba as homenagens à figuras ilustres e marcantes do nosso país foram inúmeras. Hoje, escolhemos três desses expoentes da nossa cultura musical e teatral: Alcione, Grande Otelo e Bibi Ferreira.

Por ordem, começamos com a Estácio de Sá 1986 com o enredo "Prata da Noite!"

Deixa o samba correr, chuê, chuê
Deixa a água rolar, chuá, chuá, oi
Que hoje tem chuva de prata
A fina flor, a nata e a raiz
Fez do palco uma bandeira
E da carreira uma religião
Guarda banca no cinema
No rádio e na televisão
Seu nome criou fama
Seu talento corre chão
Construindo seu castelo
Vem surgindo Grande Otelo
O rei da ilusão
No tabuleiro da baiana tem
Amor e fantasia
No tabuleiro da baiana também tem
Quindins de alegria
Fez Chacrinha na Lapa
Briga de tapa nunca rejeitou
Teve atrito com Satã
E Madame Satã acreditou
Morou no berço do samba
Foi bamba compositor
Onde deu volta por cima
Fez rima de amor e dor

Sebastião Bernardes de Sousa Prata era o nome verdadeiro de Grande Otelo, um grande ator com uma vida marcada pela superação de tragédias. Seu pai morreu esfaqueado e sua mãe era uma cozinheira que não largava o copo de cachaça. Sebastião fugiu com uma Companhia de teatro mambembe que passava por Uberlândia e foi adotado pela diretora do grupo, Abigail Parecis, que o levou para São Paulo.

Mas ele fugiu de novo e, após várias entradas e saídas do Juizado de Menores, foi adotado pela família de Antonio de Queiroz, um político influente. A mulher de Queiroz, Dona Eugênia, tinha ido ao Juizado para conseguir uma ajudante na cozinha. Mas foi convencida a levar para casa o menino que sabia declamar, dançar e fazer graça.

Sebastião estudou no Colégio Sagrado Coração de Jesus, onde cursou até a terceira série. Nos anos 20, integrou a Companhia Negra de Revistas, cujo maestro era Pixinguinha. Em 1932, entrou para a Companhia Jardel Jércolis, pai de Jardel Filho e um dos pioneiros do teatro de revista. Ganhou o apelido de pequeno Otelo, mas ele preferiu "The Great Otelo". Depois traduziu para o português, virando Grande Otelo.


O ator passou pelos palcos dos cassinos, dos grandes shows e do teatro. Trabalhou no cinema em "Futebol e Família" (1939) e "Laranja da China" (1940), e em 1943 fez seu primeiro filme pela Atlântida: "Moleque Tião". Com Oscarito, participou de mais de dez chanchadas como "Carnaval no Fogo", "Aviso aos Navegantes" e "Matar ou Correr". Em 1942, fez "It's all true", filme realizado por Orson Welles no Brasil.


Outra tragédia viria a abalar a vida de Otelo nessa época: sua mulher matou o filho do casal, de seis anos de idade antes de se suicidar. Em 1969, fez "Macunaíma", sendo inesquecível a cena de seu nascimento. Como ator dramático, marcou presença em vários filmes, dentre os quais "Lúcio Flávio - Passageiro da Agonia" e 'Rio, Zona Norte".

Em "Fitzcarraldo" (1982), do alemão Werner Herzog, filmado na selva do Peru, Otelo precisava fazer uma cena em inglês, mas resolveu falar espanhol. Quando o filme estreou na Alemanha, aquela foi a única cena aplaudida pelo público. Em 1993, Grande Otelo morreu de enfarte ao desembarcar na França, onde receberia uma homenagem no Festival de Nantes. 
Agora vem Unidos da Ponte 1994 com "Marrom da cor do Samba!"

Explode a Ponte
Jorra da fonte um turbilhão de poesias
Vem minha estrela iluminar
Abrilhantando nosso show
De fantasias com a magia da canção, ô, ô
De fantasias com a magia da canção
Mulher dengosa, amor
Marrom guerreira
O dom da voz lhe ajudou a encantar
Meu Rio moleque dançou
Ao som do trompete
Se encantou com a sedução
Da flor sublime e raiz do Maranhão
No sufoco da disputa
A menina foi à luta
E entregou-se às emoções
E com a luz do seu afã
Fez a Mangueira do Amanhã
Uma esperança a novos corações
Canta marrom
Reflete ao mundo inteiro quem tu és (quem tu és)
Porque hoje a minha Ponte
Colorida e deslumbrante
Coloca esta avenida aos teus pés
E brilha meu São Luís
Bumba-meu-boi vai dançar (bis)
No seu balanço minha escola vai passar

Alcione Dias Nazareth nasceu em São luís do Maranhão no dia 21 de Novembro de 1947. O nome de batismo foi idéia do pai, inspirado na personagem Alcione, a principal de um livro chamado ‘’Renúncia’’. Ela é quarta dos nove irmãos: Wilson, João Carlos, Ubiratan, Alcione, Ribamar, Jofel, Ivone, Maria Helena e Solange. Desde pequena, graças ao pai policial e integrante da banda de sua corporação, João Carlos Dias Nazareth, inserida no meio musical maranhense, Alcione fez sua primeira apresentação já aos doze anos.
O pai, João Carlos Dias Nazareth, foi mestre da banda da Polícia Militar de São Luís e professor de música. Alem disso, foi compositor e eterno apaixonado pelo bumba-meu-boi, folguedo típico da capital maranhense. Foi ele quem lhe ensinou, ainda cedo, a tocar diversos instrumentos de sopro, como o clarinete que começou a paraticar aos 9 anos. Com essa idade, tocava e cantava em festas de amigos e familiares, e na ‘’Queimação de Palhinha’’ da festa do Divino Espírito Santo.
Sua mãe, Felipa Teles Rodrigues, entretanto, guardava o desejo de que a filha aprendesse a tocar acordeão  ou piano. Não queria que Alcione aprendesse a tocar instrumentos de sopro temendo que a filha ficasse tuberculosa, mito comum na época. Sua primeira apresentação profissional foi aos 12 anos, na Orquestra Jazz Guarani, regida por seu pai. Certa noite, o crooner da orquestra ficou rouco, sendo substituído pela menina. Na ocasião, cantou com sucesso a música Pombinha Branca e o fado Ai, Mouraria.
Formou-se como professora primária na Escola de Curso Normal. Lecionou por dois anos e continuou a dedicar-se à música, tendo apresentado-se na TV do Maranhão nos anos de 1965 e 1966.
Alcione se mudou para o Rio de Janeiro em 1976, trabalhando na TV Excelsior. Começou cantando na noite, levada pelo cantor Everardo. Ensaiava no Little Club, boate situada no conhecido Beco das Garrafas, reduto histórico do nascimento da bossa nova, em Copacabana. Cantou também em boates como Barroco, Bacarat, Holiday e Bolero.
Destacou-se ao vencer as duas primeiras eliminatórias do programa ‘’A Grande Chance’’, de Flávio Cavalcanti. Nessa mesma época, assinou o primeiro contrato profissional com a TV Excelsior, apresentando-se no programa ‘’Sendas do Sucesso’’. Depois de seis meses na emissora, realizou turnê por quarto meses pela América Latina.
Após ter feito excursão por países da América do Sul, morou na Europa por dois anos. Voltou ao Brasil em 1972 e três anos depois ganhou o primeiro disco de ouro através do primeiro LP, A voz do samba (1975).
"Não Deixe O Samba Morrer" quando começou a ser executada nas radios do país, permaneceu 22 semanas em primeiro lugar nas paradas de sucesso.

 E fechando: Viradouro 2003 com "A Viradouro canta e conta Bibi - Uma homenagem ao teatro brasileiro!"

Abram as cortinas, que o show vai começar
É "manhã de sol", um rouxinol vem despertar
Voa, vai tocar no seu coração
Amor, nessa avenida quanta emoção
Em cada gesto, em cada expressão
Em cada lágrima que vai sorrir
Diva, brilha a voz dos grandes musicais
Nesse palco os artistas imortais
Hoje vão te aplaudir
Se um vento soprar, eu vou
Deixa o "Dom" me levar, amor
Vou em busca de um ideal
No meu sonho de carnaval
Em toda forma de arte
Uma luz acendeu
A "gota d'água" faz parte
Dos seus encontros com Deus
"Piaf, um hino ao amor"
"A vida de uma estrela da canção"
Em uma noite de esplendor
"Amália" foi sua inspiração
E quando o sol se põe
Desce uma estrela lá do céu
Vem reviver ao seu lado Bibi
O seu mais brilhante papel
O teatro consagrou e pede passagem
A Viradouro, meu amor, faz a homenagem

Abigail Izquierdo Ferreira (Rio de Janeiro RJ 1922). Diretora e atriz. Filha do ator Procópio Ferreira, criada desde cedo nos palcos, Bibi Ferreira desenvolve ao longo de sua carreira um reconhecido talento como atriz e diretora de musicais de todos os tipos. Sua pequena estatura se transforma na interpretação de personagens como Joana, de Gota d'Água, ou Piaf, homenagem à cantora francesa.
Entra pela primeira vez no palco aos 24 dias de nascida, substituindo uma boneca que desaparecera da contra-regragem. Seu pai, Procópio Ferreira, inicia a carreira de ator na companhia de Abigail Maia. Aos três anos, estréia no Chile, na companhia Revista Espanhola Velasco, onde sua mãe, Aida Izquierdo, trabalha como corista. Participa de uma turnê por toda a América Latina, interpretando ao final do espetáculo um pout-pourri da própria revista. Volta ao Brasil com pouco mais de quatro anos,e até os 14 participa, de óperas e balés, integrando o Corpo de Baile do Teatro Municipal do Rio de Janeiro.
Estréia, pelas mãos do pai, na comédia La Locandiera, de Carlo Goldoni, no papel-protagonista de Mirandolina, em 1941. No ano seguinte, viaja com o repertório da companhia para uma temporada em São Paulo, que se estende para o sul do país e interior de São Paulo, em mais de 30 cidades. Em 1944, Bibi inaugura a própria companhia com Sétimo Céu, e contrata, entre outros atores, Maria Della Costa e Cacilda Becker, e a diretora Henriette Morineau
É um momento de transição, marcado por mudanças como a supressão do ponto e a convenção das cortinas no início e final de cada ato. Em 1946, vai para Londres estudar direção na Royal Academy of Dramatics Arts. Na Inglaterra, estuda e trabalha em cinema. Em 1947, estréia como diretora em Divórcio, de Clemence Dane, em que também atua, como filha do personagem interpretado por Procópio. Em 1949 interpreta Carlos, protagonista de O Noviço, de Martins Pena. Com sua companhia, viaja para o sul do país com um repertório de cinco espetáculos.
Na década de 50, recebe o prêmio dos críticos do Rio de Janeiro pela direção de A Herdeira, de Henry James, 1952. Dá aulas de direção e interpretação no Teatro Duse e na Fundação Brasileira de Teatro (FBT). Contratada pela Companhia Dramática Nacional (CDN), dirige, entre outras, Senhora dos Afogados, de Nelson Rodrigues, em 1954. 
Nomeada diretora da Companhia de Comédia do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, revela peças brasileiras como A Casa Fechada e Sonho de Uma Noite de Luar, ambas de Roberto Gomes, em 1955. Simultaneamente a essas atividades, mantém a regularidade de suas produções e viagens pelo Brasil. Em 1956, depois de se apresentar em Recife, leva o repertório de sua companhia para Lisboa, atuando também nas apresentações de Deus lhe Pague, de Joracy Camargo, pela companhia de Procópio, em que ela dirige O Avarento, de Molière, e A Raposa e as Uvas, de Guilherme Figueiredo
Em Portugal, é contratada como atriz de teatro de revista. Sua interpretação da música Tic-Tac - gravada no disco Quando Bate Um Coração - é considerada antológica  pelo comediógrafo César de Oliveira. Retorna ao Brasil em 1960.
Na década de 1960, além de atuar em musicais de teatro e televisão, trabalha em teleteatro. Por sua atuação em My Fair Lady, de Alan Jay Lerner e Frederich Lowe, na temporada paulista do espetáculo, em 1964, ao lado de Paulo Autran, Jaime Costa, Sérgio Viotti e Elza Gomes, recebe o Prêmio Saci, em São Paulo. Em 1968, apresenta na TV Tupi o Programa Bibi ao Vivo, que durante dois anos leva à televisão os maiores nomes do teatro.
Na década de 1970, o musical Brasileiro, Profissão: Esperança, de Paulo Pontes, dirigido por Bibi, é um sucesso, tanto com Maria Bethânia e Ítalo Rossi, em 1970, quanto com Paulo Gracindo e Clara Nunes, em 1974, quando bate recordes de público no Canecão. 
Em 1972, atua em O Homem de La Mancha, traduzido por Paulo Pontes e Flávio Rangel, com versão das canções feitas por Chico Buarque e Ruy Guerra, que permanece em temporada, em diversas cidades, durante três anos. Em 1975, estréia em Gota d'Água, de Chico Buarque e Paulo Pontes, sob a direção de Gianni Ratto, que permanece em cartaz até 1977 e recebe os prêmios Molière e Associação Paulista dos Críticos de Artes - APCA, pela interpretação de Joana. Em 1976, dirige Walmor Chagas, Marília Pêra, Marco Nanini e 50 artistas em Deus lhe Pague, de Joracy Camargo.
Na década de 1980, a notoriedade de Bibi Ferreira faz com que receba os mais diferentes convites. Dirige de textos comerciais a peças de dramaturgia sofisticada, de musicais de grande porte a dramas intimistas. Assim, em 1980, ela dirige Toalhas Quentes, de Marc Camoletti; em 1981, Um Rubi no Umbigo, de Ferreira Gullar, e Calúnia, de Lillian Hellmann, como Gay Fantasy, revista com travestis que permanece um ano em cartaz no Teatro Alaska, Rio de Janeiro. 
Com sua produção e direção, estréia O Melhor dos Pecados, de Sérgio Viotti, ainda em 1981, em que promove a volta aos palcos de Dulcina de Moraes, após vinte anos de ausência. Em 1983 volta aos palcos com Piaf, A Vida de Uma Estrela da Canção, espetáculo de grande sucesso de público e crítica. Por sua atuação recebe os prêmios Mambembe e Molière, em 1984, e, no ano seguinte, da Associação Paulista de Empresários Teatrais e Governador do Estado. 
O espetáculo, que faz muitas viagens, permanece seis anos em cartaz e, em quatro anos, atinge um milhão de espectadores, incluindo uma temporada em Portugal, com atores portugueses no elenco. Em São Paulo, o crítico Sábato Magaldi escreve, no Jornal da Tarde, sobre seu desempenho: "A voz poderosa, a interpretação sensível, a pronúncia francesa perfeita só poderiam pertencer à própria Piaf. E fica patente, de imediato, que tamanhos dotes devem ser creditados à nossa atriz. 
Outra grande qualidade da linha escolhida: em nenhum momento Bibi pretende imitar Piaf, confundir a sua voz com a dela. [...] Bibi se fixa menos na cantora temperamental [...] para valorizar de preferência a mulher desesperada, de destino solitário e profunda humanidade, de que não está ausente até a brincadeira moleque. Naquele ser desprotegido, arruinado pela droga, tudo se desculpa, porque se purifica na essência de uma canção maravilhosa. Piaf é, de todos os pontos de vista, a criação maior da carreira de Bibi, feita de tantas iluminações".
No Rio de Janeiro, Macksen Luiz não é menos arrebatado pela interpretação da atriz: "A platéia é, virtualmente, dominada pelo magnetismo de Bibi Ferreira, que ocupa o palco como se estivesse se apropriando do que sempre lhe pertenceu. Mas essa força teatral não se pode atribuir apenas a um talento brilhante, mas a uma preparação técnica como poucos atores brasileiros têm possibilidade de acumular".2
Nos anos 1990, Bibi Ferreira revive seus maiores sucessos remontando Brasileiro, Profissão: Esperança e fazendo um espetáculo em que canta canções e conta histórias de Piaf. Em Bibi in Concert, comemora 50 anos de carreira e, depois de anos de temporada, faz o Bibi in Concert 2. Em 1996 recebe o Prêmio Sharp de Teatro, encena Roque Santeiro, de Dias Gomes, em versão musical, e dirige pela primeira vez uma ópera - Carmen, de Georges Bizet, 1999. 

 Viva a cultura e os ícones NACIONAIS! Para que ficar valorizando o que vem de fora se temos tesouros desvalorizados em nosso solo. Que fique bem claro, desvalorizados pela nossa sociedade, já que as escolas de saba há muito tem prestado as melhores homenagens do país, e o que é mais importante, em vida!
Boa semana a todos!

domingo, 12 de junho de 2011

Cidade Maravilhosa ...

Se houvesse uma pesquisa mundial sobre o cartão postal ideal do Brasil, seria muito provável que o Rio de Janeiro estamparia esse cartão! Uma cidade realmente maravilhosa, repleta de cenas que parecem ter sido esculpidas por um grande artista! 
Por ser o berço do maior espetáculo da terra, a cidade do Rio de Janeiro já foi retratado de vários modos no desfile de várias escolas. Enfim, hoje, rendemos uma homenagem à sede das Olimpíadas de 2016 e ao palco da final da copa do mundo de futebol de 2014! 
Porém, o samba escolhido não está entre os mais lembrados pelos críticos: Tradição 1989

Rio, Samba, Amor e Tradição!

Rio de Janeiro
Salve São Sebastião
Santo padroeiro
Samba, amor e Tradição
Esquece a tristeza
Que é hora do Rio cantar
Com tanta beleza
A gente não pode chorar
É na Passarela
É na Cinelândia
A Tribuna Popular
Quero da Vista Chinesa
Ver a natureza se descortinar
Quero outra vez ver meu time
Fazendo esse meu Maracanã vibrar

Copacabana é princesinha a vida inteira
A capital do samba ainda é Madureira
Em Paquetá tem flores
Ilha dos meus amores
Que lembra o amor do Imperador pela marquesa
Lá nos jardins do bairro imperial

Ai, como é lindo a criança
Entrando na dança desse Carnaval (bis)

Rio do mar de Ipanema
A Lapa boêmia
Malandro tem que respeitar
Rio, vem cantar de novo
Sorria, meu povo
Que o Cristo Redentor quer te abraçar

Hoje a minha escola
Veio desfilar
Pra mostrar que o samba
Não pode parar
Oh! Linda morena
Quero ver passar
Num doce balanço
Caminho do mar

Ê, ê, o mar, ê ê o mar
Ê ê o mar, ê ê o mar

Oh! Meu Rio...



Passeando pela letra, vamos viajando pela cidade maravilhosa, desvendando seus "cantos, recantos e encantos", como dizia um enredo da década de 80! De início, a letra pede a benção do padroeiro oficial da cidade: São Sebastião!
Reza a lenda que, na batalha final que expulsou os franceses do Rio de Janeiro, São Sebastião foi "visto" de espada na mão entre os portugueses, mamelucos e índios. 
Além disso, o dia da batalha coincidiu com o dia do santo, celebrado em 20 de janeiro. 
Logo após, citações de locais importantes para a cidade, como: 
Marquês de Sapucaí
 A Cinelândia!

A Vista Chinesa!

O Maracanã e o Futuro Maracanã!
Copacabana e o seu calçadão!
O bairro Imperial

Sobre o bairro de Madureira somente é necessário dizer que 30 títulos do carnaval carioca encontram-se ali, nas mãos de Portela e Império Serrano. 

Ipanema

Copacabana


  Os arcos da Lapa Boêmia!
É o MALANDRO!

Tudo isso sob o olhar do Redentor!
Toda magia dessa cidade foi apresentada brilhantemente pela escola em seu desfile, não sendo necessárias mais explicações. Aproveitem o vídeo do início do desfile, como todos já sabem, a parte mais empolgante, entrada da bateria, emoção na veia!
Boa semana a todos! 
E viva o Rio de Janeiro!

domingo, 5 de junho de 2011

"A volta dos que não foram!"

Certas vezes os desfiles mais parecem um registro histórico de um fato marcante. Esse é o caso da Acadêmicos do Grande Rio 1997 com o enredo "Madeira-Mamoré - A volta dos que não foram lá no Guaporé!". De saída, o samba, muito forte, interpretado pelo gigante Nêgo:
A letra transborda história:

Sonha, a Grande Rio é um sonho
Em águas claras eu quero sonhar
Enfeitar a vida de alegria
Pra quem um dia, o Sol não quis despertar
Chegaram cheios de esperança
Não sabiam dos mistérios que teriam de enfrentar
Essa mata tem segredos
Que o homem não consegue desvendar
É um mundo de encanto e magia, perfume e fantasia
Cicatriz que a Amazônia fez chorar
Olha o índio no caminho, é caçador
Meu cavalo é de fogo, eu vou que vou (bis)
Se a selva é perigosa, meu amor
Rondônia é alegria, esqueça a dor

Era o eldorado do látex no Brasil
A riqueza que a cobiça alimentou
Nessa história Tio Sam também entrou
No Tratado de Petrópolis tudo começou
O Acre da Bolívia ganhei
E a borracha para o mundo eu exportei
Cada dormente é uma vida, a vida uma flor
Na Maria Louca delirando eu vou
Em sucata o meu sonho terminou
Vou voltar pra onde não fui
O seu encanto é que me seduz (ai, iê, iê, ô)

Cacagibe, Orum de Oiá, Oiá, Oiá
O Guaporé está em festa (bis)
Os vudus vêm pra brincar

Essa tal estrada de ferro é mais uma das grandes invenções brasileiras com a participação "suspeita" de nações "amigas", interessadas em nos "ajudar" no processo de crescimento. Como todos sabemos, embarcamos facilmente no conto do bilhete premiado. Diante de toda a riqueza gerada pelo ciclo da borracha na Amazônia, os olhos europeus e americanos cresceram e era necessária uma forma rápida e barata de levar todo o látex até o porto mais próximo.
Daí surgiu a milagros aestrada de ferro que cortaria a Amazônia e que acabou se transformando em uma "cicatriz que a Amazônia fez chorar", como cantou brilhantemente a Grande Rio. O governo brasileiro investiu na ferrovia para compensar a Bolívia pela perda do território do Acre, pelo Tratado de Petrópolis. A ferrovia deveria superar dezenove cachoeiras do Rio Madeira, que dificultavam o transporte de borracha da Bolívia para o Atlântico, via Amazonas
 Mas, ao ser concluída, a borracha entrava em decadência.

Na Amazônia, o engenheiro inglês Stephan Collier comanda com mãos de ferro a construção da ferrovia, liderando um grupo de homens tratados como animais no meio de uma floresta selvagem, ameaçados por toda a sorte de infortúnios como ataques indígenas, assombrações e principalmente doenças. A construção ficou à cargo do americano Percival Farquhar. 

O americano Percival Farquhar (1864-1953) foi um dos grandes jogadores do mercado financeiro mundial nos primeiros anos do século XX. "Naquele tempo, eu podia levantar dinheiro para o que quisesse", disse ele ao seu biógrafo no final da vida. Entre 1904 e o início da I Guerra Mundial, Farquhar teve acesso livre aos maiores investidores da Europa e dos Estados Unidos e canalizou um enorme capital para ferrovias, portos, frigoríficos, companhias elétricas e de comunicações, loteamentos, fazendas. 
Não foi em sua terra natal que ele montou esses negócios. Foi no Brasil. Em 1913, ele controlava algo em torno de 50 milhões de libras, o que o tornava o principal administrador de recursos estrangeiros no país. A mais célebre – e polêmica – de suas realizações foi justamente a Estrada de ferro Madeira–Mamoré. A "ferrovia do diabo" foi uma insanidade: prodígio de engenharia que ligou o nada a lugar nenhum, como se disse na época, ela custou a vida de 1.500 trabalhadores e jamais deu o lucro esperado.
Como diz a metra do samba: "E em sucata o meu sonho terminou, vou voltar pra onde não fui...!"


Hoje, restam as lembranças das histórias contadas pelos trabalhadores que sobreviveram à construção e deixaram seus relatos intrigantes, heróicos inclusive. Há pouco tempo, essa história ilustrou a tela da TV através da minissérie Mad Maria, da rede globo, baseada na obra "Mad Maria" de Márcio Souza.

 A abertura mostra o que há de registros fotográficos da construção da ferrovia!
Atualmente os restos da ferrovia dormem em meio à floresta, em meio aos pesadelos vividos durante sua construção. Existem projetos de revitalização e utilização como ferramenta turística da região, porém, como todos sabemos, não somos um povo acostumado a valorizar a história!
O desfile da Grande Rio contribuiu para tirar o pó dessa página da nossa história! A cicatriz ainda está lá, para que jamais seja esquecida. Estamos fazendo nosso papel!
 Uma boa semana a todos!