Inaugurando os enredos de São Paulo no blog, buscamos a Pérola Negra, escola em ascenção no carnaval
paulistano dos últimos anos. Em 2007 apresentou o enredo "Venda como arte, comércio como sua principal representação". O carnavalesco era Jorge Freitas, acostumado a enredos com temas históricos.
O Samba é muito alegre, descontraído, agradável para os espectadores:
Canta Pérola Negra
Me leva a sonhar
Na arte de amar, sou especial
Brilhando neste carnaval
O sangue dos fenícios eu herdei, naveguei,
Negociei, fiz riquezas
A mãe terra, natureza
Elo desta arte milenar
Já fui pirata, ouro e prata eram lei
O oriente despertou minha cobiça
Surgiram cores do oceano, me encantei
Pintou no mar, caravelas ao vento
Ao ancorar vou desvendar
E explorar este solo sagrado
Abençoado, pelas mãos do criador
E foi assim, que o tupiniquim
Viu a fauna e a flora
Levadas embora
Pra que tanta ambição
Tesouros, belezas
Enriqueceram a coroa portuguesa (e hoje)
Hoje a loucura é geral
Comércio do bem, comércio do mal
Me leva a sonhar
Na arte de amar, sou especial
Brilhando neste carnaval
O sangue dos fenícios eu herdei, naveguei,
Negociei, fiz riquezas
A mãe terra, natureza
Elo desta arte milenar
Já fui pirata, ouro e prata eram lei
O oriente despertou minha cobiça
Surgiram cores do oceano, me encantei
Pintou no mar, caravelas ao vento
Ao ancorar vou desvendar
E explorar este solo sagrado
Abençoado, pelas mãos do criador
E foi assim, que o tupiniquim
Viu a fauna e a flora
Levadas embora
Pra que tanta ambição
Tesouros, belezas
Enriqueceram a coroa portuguesa (e hoje)
Hoje a loucura é geral
Comércio do bem, comércio do mal
A Vila Madalena a negociar
Faz a pergunta que não quer calar
Quem quer comprar..eu vou vender
Só não vendo meu amor, jóia rara por você
Faz a pergunta que não quer calar
Quem quer comprar..eu vou vender
Só não vendo meu amor, jóia rara por você
Vejamos alguns pontos importantes abordados no desfile:
O sangue dos fenícios eu herdei, naveguei,
Negociei, fiz riquezas
Negociei, fiz riquezas
Os fenícios foram responsáveis pela formação de uma rica civilização que ocupou uma faixa do litoral mediterrâneo que adentrava o território asiático até as montanhas do atual Líbano e graças ao seu posicionamento geográfico, acabou viabilizando o contato comercial com várias caravanas nômades.
O desenvolvimento do comércio entre os fenícios aconteceu primordialmente através da realização de trocas de mercadorias. Com o passar do tempo, a expansão das atividades privilegiaram a fabricação de moedas que facilitaram a realização de negócios.
Sob tal aspecto, devemos ainda destacar a grande complexidade do artesanato entre os fenícios. Madeiras, tapetes, pedras, marfim, vidro e metais eram alguns dos produtos que atraíam a atenção dos habilidosos artesãos fenícios.
Outra interessante contribuição advinda do comércio entre os fenícios foi a elaboração de um dos mais antigos alfabetos de toda História. Por meio de um específico conjunto de símbolos, os fenícios puderam empreender a regulação de suas atividades comerciais e expandir as possibilidades de comunicação entre as pessoas.
A mãe terra, natureza
Elo desta arte milenar
Elo desta arte milenar
A agricultura em diversas civilizações foi a responsável pelo desenvolvimento comercial por causa
da produção de excedentes que logo passariam a ser comercializados. Fica aqui a dica para quem se interessa mais sobre a história da agricultura: Desfile da Mocidade Independente de Padre Miguel no
Rio de Janeiro levará para a Sapucaí o enredo “Parábola dos Divinos Semeadores” , contando a
história do desenvolvimento das práticas agrícolas.
Já fui pirata, ouro e prata eram lei
O oriente despertou minha cobiça
Surgiram cores do oceano, me encantei
O oriente despertou minha cobiça
Surgiram cores do oceano, me encantei
As famosas e cobiçadas especiarias da China, Índias, enfim, eram alvo de comércio e daqueles que
viviam da pilhagem e dos saques, os tradicionais piratas. Outra dica interessante sobre os piratas é o enredo
da Imperatriz Leopoldinense no ano de 2003, “Nem todo o pirata tem a perna de pau,
o olho de vidro e a cara de mau”.Pintou no mar, caravelas ao vento
Ao ancorar vou desvendar
E explorar este solo sagrado
Abençoado, pelas mãos do criador
Ao ancorar vou desvendar
E explorar este solo sagrado
Abençoado, pelas mãos do criador
Durante os séculos XV e XVI, os europeus, principalmente portugueses e espanhóis, lançaram-se nos oceanos Pacífico, Índico e Atlântico com dois objetivos principais : descobrir uma nova rota marítima para as Índias e encontrar novas terras. Este período ficou conhecido como a Era das Grandes Navegações e Descobrimentos Marítimos.
No século XV, os países europeus que quisessem comprar especiarias (pimenta, açafrão, gengibre, canela e outros temperos), tinham que recorrer aos comerciantes de Veneza ou Gênova, que possuíam o monopólio destes produtos. Com acesso aos mercados orientais - Índia era o principal - os burgueses italianos cobravam preços exorbitantes pelas especiarias.
O canal de comunicação e transporte de mercadorias vindas do oriente era o Mar Mediterrâneo, dominado pelos italianos. Encontrar um novo caminho para as Índias era uma tarefa difícil, porém muito desejada. Portugal e Espanha desejavam muito ter acesso direto às fontes orientais, para poderem também lucrar com este interessante comércio.
Um outro fator importante, que estimulou as navegações nesta época, era a necessidade dos europeus de conquistarem novas terras. Eles queriam isso para poder obter matérias-primas, metais preciosos e produtos não encontrados na Europa. Até mesmo a Igreja Católica estava interessada neste empreendimento, pois, significaria novos fiéis.
Os reis também estavam interessados, tanto que financiaram grande parte dos empreendimentos marítimos, pois com o aumento do comércio, poderiam também aumentar a arrecadação de impostos para os seus reinos. Mais dinheiro significaria mais poder para os reis absolutistas da época.
E foi assim, que o tupiniquim
Viu a fauna e a flora
Levadas embora
Pra que tanta ambição
Tesouros, belezas
Enriqueceram a coroa portuguesa
Viu a fauna e a flora
Levadas embora
Pra que tanta ambição
Tesouros, belezas
Enriqueceram a coroa portuguesa
Mais uma vez as escolas de samba prestam um serviço de esclarecimento sobre a história nacional, recheada de momentos de exploração, que infelizmente em muitos momentos é esquecida. Nossas
riquezas foram levadas e os habitantes originais da terra, os "donos da terra!" como a Unidos da
Tijuca cantou em seu samba antológico de 1999 ficaram a ver navios, ou melhor, a ver caravelas
portuguesas saírem carregadas de riqueza em direção ao velho mundo.
Hoje a loucura é geral
Comércio do bem, comércio do mal
Comércio do bem, comércio do mal
A escola finaliza o enredo caractrizando o comércio atual e podemos observar no desfile a referência
às bolsas de valores e o comércio eletrônico, utilização dos cartões de crédito, o dito dinheiro de
plástico que tanto facilita nossa vida.
A Vila Madalena a negociar
Faz a pergunta que não quer calar
Quem quer comprar..eu vou vender
Só não vendo meu amor, jóia rara por você
Faz a pergunta que não quer calar
Quem quer comprar..eu vou vender
Só não vendo meu amor, jóia rara por você
Enfim, um passeio pelo comércio ao longo da história da humanidade e a conclusão de que o amor
pela própria escola "não tem preço!", já para todas as outras coisas...
O próprio espetáculo das escolas de samba sobrevive, em muitos casos através da comercialização de
fantasias para desfile, venda de camisetas, cds, ingressos para a avenida, etc.
O desfile apresentou alguns problemas técnicos em carros alegóricos, mas seu planjemanto e enredo
foram muito bem pensados pelo carnavalesco da escola.
Obrigado a todos pelo grande número de visitas e até a próxima semana.