Sou Cultura viva, pulsando no compasso da bateria! Sou sangue do gigante Brasil!

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domingo, 24 de abril de 2011

"A Heróica Cavalgada de um povo!"

Aproveitando a reta final do Campeonato Gaúcho 2011, essa semana falaremos da história do Rio Grande do Sul, brilhantemente apresentada pela escola Unidos de Vila Isabel em 1996. O enredo intitulado "A Heróica cavalgada de um povo" foi desenvolvido pelo grande carnavalesco Max Lopes. Foi uma das melhores apresentações da escola na década de 90. Logo de início, um belo samba, interpretado magistralmente pelo eterno GERA. 


 Baila minha porta-estandarte
E com a Vila vem mostrar toda emoção
A heróica cavalgada de um povo
Sua história, seus costumes, tradições
Sepé Tiaraju protege a terra
Na luta contra a força da invasão
Fez da bravura sua arma
Defendendo os sete povos das missões
São Pedro do Rio Grande do Sul
Se faz província, ganha capital
Porto dos Casais tem charqueadas
Lanceiros negros dançam nas congadas
 
Epopéia Farroupilha, clamor de voz
Chimangos ou Maragatos
O gaúcho é aclamado o grande herói

Progresso, miscigenação
O vento sopra, traz a colonização
Cerveja, dança, culinária
Festa da Uva, o churrasco e o chimarrão
Brilha no ar a Senhora Liberdade
E no Rincão um canto de felicidade
Boitatá é brasileiro
Cuida do rebanho Negrinho do Pastoreio
E a Salamanca do Jarau, que o folclore nacional
Mostra para o mundo inteiro

Bailando na avenida minha Vila Isabel
Faz o Grenal mais bonito
Com Lupicínio e Noel

Seguindo em ordem pelo samba, de cara aparece uma citação à "porta estandarte", figura tradicional do carnaval das antigas, e que permanece muito vivo nos desfiles do Rio Grande do Sul, como nas fotos abaixo:

Essa figura geralmente aparece no início dos desfiles e tem papel fundamental, protegendo e apresentando o pavilhão da escola ao público. Seria, em uma linguagem bem direta, uma Porta Bandeira sem Mestre Sala. 

Logo depois dessa citação ao carnaval gaúcho, aparece o mito Sepé Tiaraju:

Nascido em um dos aldeamentos jesuíticos dos Sete povos das missões, bom combatente e estrategista, tornou-se líder das milícias indígenas que atuaram contra as tropas luso-brasileiras e espanholas nas chamadas guerras guaraníticas. 
Viviam na região dos Sete Povos das Missões aproximadamente trinta mil guaranis. Somando-se os do Paraguai e da Argentina, alcançaram um total estimado de oitenta mil indígenas evangelizados, que habitavam em aldeias planejadas, organizadas e conduzidas como verdadeiras cidades. O interesses luso-brasileiros por esta extensa região deveram-se, além da posse territorial, ao gigantesco rebanho de gado, o maior das Américas, mantido por esses mesmos indígenas. 
Sepé Tiaraju morreu em combate contra o exército espanhol na batalha de Caiboaté, na entrada da cidade de São Gabriel, durante a invasão das forças inimigas às aldeias dos Sete Povos. É atribuída a ela a frase: "Essa terra já tem dono!"
Sua memória ficou registrada na literatura por Basílio da Gama no poema épico O Uraguay (1769) e por Érico Veríssimo no romance O tempo e o Vento.

 As nomenclaturas de cidades históricas do Rio Grande do Sul, da capital Porto Alegre aparecem na sequência da música, assim como a citação aos lanceiros negros, nome dado a dois corpos de lanceiros constituídos, basicamente, de negros livres ou de libertos pela República Rio Grandense que lutaram na Revolução Farroupilha.   

 A cultura gaúcha é uma das mais ricas do Brasil. Quem não cria água na boca ao ouvir falar do tradicional churrasco gaúcho?ou então do Chimarrão? 


A onda de imigração européia trouxe ao Rio Grande do Sul os alemães (região dos vales) e os italianos (serra gaúcha), e enriqueceu ainda mais esse caldeirão cultural. As nossas festas, da Uva, por exemplo, sempre organizadas e acolhedoras. 



 A nossa política é sempre muito valorizada e respeitada. Quantas vezes ouvimos dizer que somos o povo mais politizado do país, pois isso tem história. Os Chimangos, ou Ximangos e Maragatos podem contar. 
Maragato foi o nome dado aos sulistas que iniciaram a Revolução federalista em 1893, em protesto à política exercida pelo governo federal representada na província por Julio de Castilhos. Os maragatos eram identificados pelo uso de um lenço vermelho no pescoço.
O termo tinha uma conotação pejorativa atribuída pelos legalistas aos revoltosos liderados por Gaspar da Silveira Martins e o caudilho estrategista Gumercindo Saraiva, que deixaram o exílio, no Uruguai, e entraram no Rio Grande do Sul à frente de um exército.
Como o exílio havia ocorrido no Uruguai, em uma região colonizada por pessoas originárias da Maragateria (na Espanha), os republicanos, então chamados Pica-paus, os apelidaram de Maragatos, buscando caracterizar uma identidade "estrangeira" aos federalistas.
Com o tempo, o termo perdeu a conotação pejorativa e assumiu significado positivo, aceito e defendido pelos federalistas e seus sucessores políticos. Na revolução de 1923, desencadeada contra a permanência de Borges de Medeiros no governo do estado, novamente a corrente maragata rebelou-se, liderada pelo diplomata e pecuarista Assis Brasil. 
Seus antagonistas que detinham o governo, eram chamados no Rio Grande do Sul, de Ximangos, comparando-os à ave de rapina. O lenço vermelho identificava o Maragato. O lenço branco identificava o Pica-Pau e o Ximango.
 As Lendas gaúchas como Boitatá, Negrinho do Pastoreio e a Salamanca do Jarau são representações da cultura, tradições e costumes gaúchos, vivos até os dias de hoje no imaginário sulista. 
 Boitatá, na sapucaí, em outro desfile.
 
Para finalizar, a citação ao maior clássico do futebol do estado e um dos mais competitivos e tradicionais do mundo, o famoso Grenal. 




Por falar em grenal, a disputa do Gauchão reservou exatamente para o próximo final de semana mais uma disputa. Aguardemos o jogo, limpo, aguerrido, disputado, como nossa história e, por que não, embalados pelo desfile da Vila Isabel que cantou tão bem os maiores ícones do nosso estado:



Sintam-se todos à vontade para comentário, elogios, críticas, dúvidas, sugestões, enfim, o carnaval e a história são de todos! Abraços!

sábado, 16 de abril de 2011

É Hoje o dia de tomar um Porre de FELICIDADE!

Como sabemos, a história não se faz só com grandes eventos como guerras, revoluções, etc.
Muitas vezes, a história de certas figuras humanas mundialmente conhecidas podem render páginas de informações riquíssimas sobre um período histórico ou sobre a realidade acerca do personagem em questão. 

No mundo das escolas de samba o recurso de contar a vida ou homenagear um personagem público é corriqueiro. Muitas vezes, esses personagens são desconhecidos para o grande público e nesse sentido, as escolas tem um papel fundamental na construção da identidade do país, das comunidades que representam. 

Essa semana escolhemos exatamente uma homanagem muito específica a um personagem de extrema relevância na história da escola de samba União da Ilha do Governador. Figura constante nos tribunais do Rio de Janeiro nos anos 1970, o procurador da República Gustavo Adolfo de Carvalho Baeta Neves morreu em 1987 e não deixou obras como jurista.

Mais de duas décadas após sua morte, porém, não há Carnaval em que as músicas que ele compôs não ecoem pelas ruas e salões de todo o país. Autor de clássicos como "O Amanhã" ("A cigana leu o meu destino, eu sonhei") e "É Hoje" ("A minha alegria atravessou o mar e ancorou na passarela"), Baeta Neves - ou Didi, como ficou conhecido - é o maior vencedor de disputas de sambas de enredo da história do Carnaval carioca, dizem pesquisadores.

Em 52 anos de vida, levou 24 sambas ao desfile -16 na União da Ilha, 4 no Salgueiro e 4 no bloco Boi da Freguesia, que deu origem à escola Boi da Ilha. O que hoje soa como motivo de orgulho era, nos anos 1950, uma vergonha para sua família. "Ele brigou com a mãe e nunca mais falou com ela", conta Alberto Mussa, sobrinho do compositor e autor, em parceria com Luiz Antonio Simas, do livro "Samba de Enredo - História e Arte", recém-lançado pela editora Civilização Brasileira.

A família do sambista havia sido muito rica, mas perdeu a fortuna quando o pai dele morreu, com apenas 35 anos, em 1937. Nessa época, Didi tinha apenas dois anos e sua família se mudou do Méier, onde chegou a ter motorista particular, para a ilha do Governador, onde ocupou um porão.

Aos 19 anos, em 1955, o compositor venceu sua primeira disputa de samba-enredo, na União da Ilha. Para amenizar broncas em casa, assinou usando o apelido Didi. Enfrentando o preconceito da família, ele continuou concorrendo e quase sempre vencendo. Em 1967 e 1968 concorreu também no Salgueiro e venceu, mas não assinou a autoria, ainda hoje atribuída apenas a Aurinho da Ilha.

Em 1971, casado com uma mulher que também criticava seu envolvimento com o samba, segundo Mussa, Didi se afastou do Carnaval. A decisão não durou mais que sete anos. Antes da folia de 1978, já com outra mulher e após abandonar o cargo de procurador, ele voltou à ala de compositores da União da Ilha. Mas as regras da ala exigiam um ano de "carência", em que ele não poderia disputar o samba. Por isso, diz Mussa, "O Amanhã" foi assinada apenas por João Sérgio.

Em 83 concorreu na Ilha e no Salgueiro, ambas do Grupo Especial. Embora não figurasse como autor no Salgueiro, a notícia se espalhou e o samba de Didi foi descartado pela Ilha. Mas ele venceu no Salgueiro. Nos dois anos seguintes, voltou a vencer a disputa na Ilha.

Em 1987, Didi voltou a vencer no Salgueiro. Vítima de um derrame e portador de cirrose, não pode ir à escola na noite da escolha do samba. Morreu em abril, sem deixar filhos. Quatro anos depois, o compositor virou enredo da União da Ilha. O samba que o homenageou diz: "Hoje eu vou tomar um porre, não me socorre, que eu tô feliz". "É um retrato fiel da rotina e do espírito dele", afirma o sobrinho.

 O samba antológico é um dos mais executados entre os melhores de todos os tempos no carnaval do Brasil:


Hoje eu vou tomar um porre!
Não me socorre
Que eu tô feliz!
 
Nessa eu vou de bar em bar
Beber a vida
Que eu sempre quis
E no bar da ilusão eu chego
É pura a paixão que eu bebo
Amor, me deseja, me dá um chamego
Me beija e faz um cafuné

"Bebo" vem e "bebo" vai
Que nem maré
Balança mas não cai
Boêmio é!

Garçom! Garçom!
Bota uma "cerva" bem gelada aqui na mesa
Que bom! Que bom!
Minha alegria deu um porre na tristeza

Poeta, enredo da canção
Cartilha que eu aprendi
Canta a Ilha d'emoção
Saudade de você, Didi! (Amor, amor!)

Amor, amor! Eu vô!
É nessa aqui que eu vô!
O Sol vai renascer do meu astral (bis)
Amor, amor! Eu vô!
Ô skindô, skindô!
Num gole eu faço um Carnaval

Olha eu falei que eu vô!...

Veja a arrepiante arrancada da escola em 1991, na voz do gigante e saudoso Aroldo Melodia: 
Lembrando sempre que a bebida deve ser consumida de forma moderada e consciente, mas a alegria não tem dose, pode e deve ser consumida de forma contínua!
Aproveitem a vida, sorrir, brincar, enfim, VIVER!


domingo, 10 de abril de 2011

Vai um café aí?

Ah, nada melhor do qe um café depois das refeições ou naqueles dias de frio, etc, etc, etc
O café é um dos maiores produtos de exportação do Brasil e foi responsável por um dos maiores ciclos de desenvolvimento do país, sobretudo na região sudeste!
Na comemoração dos 500 anos do Brasil, as escolas de samba de São Paulo apresentarem enredos alusivos à história do país! A X-9 Paulistana escolheu o Café como tema e preparou um belo enredo!

E conquistou o campeonato daquele ano! A apuração sempre é um momento especial de muito nervosismo!


E para porvar que o carnaval das escolas de samba é história e pode entrar na sala de aula, a seguir um vídeo produzido por um professor de história a quem oferecemos um sincero parabéns pelo excelente material produzido!
O vídeo é auto-explicativo e narra a história do café a partir do momento em que chegou ao Brasil!

A x-9 vem aí, vai sacudir
Bota água pra ferver, no anhembi
Vem nessa amor, que eu quero ir


A preta velha, escrava contou

E eu mergulhei no tempo
Sou a semente e virei ouro
O tesouro que palheta levou ao pará
Mas, foi do rio de janeiro
Que me espalhei pelo país inteiro
Brasil, brasil
Testemunhei o seu destino
Neste teu chão divino
Da colônia à república
Eu sou o rei da exportação
Trilhando no seu coração


Eu vou de trem, eu vou

No vai e vem, amor
Eu sou o tal, café!
Só não toma quem não quer


E há quem diga que nas borras viu

A sorte desenhar o seu amanhã
Que eu sonhei...
E no meu sonho eu vi, tudo colorir
E perfumar a cidade inteira
Na mais linda cor, no mais quente sabor
Da raça brasileira.


Dicas, sugestões, pedidos, comentários... Sintam-se todos à vontade!

domingo, 3 de abril de 2011

Quanto tempo faz? e Até quando vai ser assim?

A disciplina de História sempre se vale de fatos do cotidiano para realizar relações entre acontecimentos do passado e os dias atuais, buscando conexões, maneiras de entender um pouco dos caminhos que trouxeram a nossa sociedade ao ponto em que ela se encontra atualmente!
Pensando nisso, diante dos fatos políticos lamentáveis que insistentemente somos obrigados a acompanhar nos noticiários, retiramos da gaveta um enredo de 1984, mas que serve como exemplo de que no Brasil, infelizmente as coisas demoram demais para mudar!
Em 1984 o Império da Tijuca desfilava no grupo especial e apresentou o enredo "9215". Um enredo estranho, à primeira vista. Trata-se da lei 9215 de30 de abril de1946 que proibia a prática ou exploração de jogos de azar em todo o território nacional. Em 1946 o então presidente Eurico Gaspar Dutra criou essa lei.
Vamos à letra do samba: 
Em nome da moral e bons costumes
Esta lei surgiu
Nove mil duzentos e quinze
Fechando os cassinos no Brasil
É proibido jogar, jogar
Jogos de azar
Dada a ordem nua e crua
Quantos desempregados no olho da rua
Mas a jogatina continua
 
Corrida de cavalo
Pode apostar
Loto e loterias
Existem em todo lugar
 
O palpite é borboleta
No bicho eu vou jogar
Hoje a minha escola tão querida
Reabre os cassinos na avenida
Um mundo de requinte e alegria
Mostrando todos os jogos
Nesta noite de euforia
O maior show da terra é o Carnaval
Num jogo de fantasias

A roleta da vida
Não pára de girar
No jogo do amor
Não me canso de apostar

Não são necessários muitos comentários já que a letra é bem expressiva. Em resumo, a lei não impediu a contravenção. Os jogos, como todos sabemos correm soltos em todos os quatro cantos do país, apesar da legislação proibir. Quantas vezes já assistimos na televisão ou lemos nos jornais sobre as operações da polícia para apreender máquinas caça níqueis? Incontáveis vezes, sem dúvida!

Se estendermos esse exemplo dos jogos a dezenas de outros casos veremos que o Brasil já vem se tornando o país das promessas há muito tempo. E continuamos nessa toada sem perceber que isso já vem se tornando tão corriqueiro que nem mesmo nos espantamos mais com o desrespeito, falta de consideração, respeito, etc.
Está mais do que na hora de darmos um basta nessa situação! Até quando vamos reclamar e esperar que "alguém" faça "alguma coisa"? 

Não existe a pessoa chamada "alguém", portanto se não formos Eu, Vocês, TODOS! Nada será feito! Abaixo, um trecho do desfile do Império da Tijuca no desfile de 1984, ano de inauguração do complexo da Marquês de Sapucaí! 


Essa semana a crítica social se fez mais presente do que nas postagens anteriores e isso acontecerá mais vezes, afinal de contas o carnaval é história, mas é filosofia, sociologia, educação, cultura, respeito e arte!

Carnaval é Brasil!