Essas duas características muitas vezes são consideradas incompatíveis. Como ser jovem e já possuir experiência? Como ter experiência e continuar sendo jovem? Será isso possível?
As escolas de samba nos dão muitos exemplos de que é possível manter a juventude com a experiência de décadas de carnavais. E da mesma forma, é perfeitamente factível ter grande experiência demonstrada através de desfiles grandiosos e bem executados, apesar da juventude de certas escolas.
É sobre essa dualidade que vamos refletir na postagem dessa semana:
Dragões da Real - Uma escola oriunda de uma torcida organizada do futebol de São Paulo e que tem apenas 2 anos de desfile no grupo especial do carnaval, mas apesar disso, demonstra uma qualidade muito grande, em todos os quesitos. Um pouco por que buscou profissionais de grande experiência e por que observou e organizou-se muito durante o tempo em que esteve nos grupos de acesso. Vejam a qualidade apresentada no carnaval 2013, que levou a escola ao quarto lugar do grupo especial!
Assim como existe a juventude experiente, existe a experiência que se atualiza e revigora a cada carnaval, como por exemplo a Unidos da Tijuca do Rio de Janeiro. É uma das mais antigas escolas do carnaval carioca, fundada em 1931, mas que nos últimos 10 anos dá show de originalidade e contemporaneidade através, sobretudo, do trabalho de seus talentosos carnavalesco e comissão de frente.
VEja a seguir alguns exemplos de fatos marcantes em seus últimos desfiles:
Essa originalidade, juventude, levaram a escola a dois títulos e vários vice campeonatos, além do destaque da mídia especializada e geral em todos os anos. Hoje em dia, espera-se a Tijuca para ver suas novidades!
Mas, existem também os exemplos contrários, tradicionalíssimas escola que não conseguem se atualizar, oxigenar-se e sofrem nos grupos de acesso ou mesmo tem dificuldades em se manter nos grupos especiais ou ainda tornaram-se escolas chamadas de ioio por causa das quedas e acessos frequentes.
Nesse grupo podemos destacar Império Serrano e Nenê de Vila Matilde, ambas multi campeãs mas que nos últimos anos vêm tendo dificuldades em manter uma sequência ou mesmo encontrar um meio termo entre sua tradição e a necessidade de tornarem-se competitivas no modo de organização atual dos desfiles.
Em outra situação estão escolas que em outros momentos apresentaram-se como novidade, jovens ou mais experientes, mas que hoje ressentem-se de vícios e características que as tornaram anciãs, como por exemplo Mocidade Independente de Padre Miguel do Rio de Janeiro, que na década de 90 revolucionou o carnaval com seus traços futuristas e tecnológicos mas que atualmente sofre demais com a perda de uma referência própria, como se auto questionasse: Que escola sou? aquela tradicional, que a idade revela ou aquela jovial que os desfiles a tornaram no final do século passado? Questão de difícil equação.
Para citar um exemplo paulistano, a jovem Império de Casa Verde, bicampeã do carnaval que obteve vários acessos seguidos e atropelou as tradicionais tornando-se a mais jovem escola campeã do carnaval, hoje não consegue mais se encontrar, criando uma irregularidade nos últimos carnavais.
O que queremos mostrar é que a Juventude não exclui a experiência e tão pouco a experiência é incompatível com a jovialidade. Ambas são características que podem muito bem coexistir, em todas as áreas. Trata-se mais de uma postura e de se manter aberto ao diálogo, às novas ideias e a critividade.
Para finalizar, o exemplo mais recente de experiência misturada com jovialidade, invenção, criatividade. Foi o desfile campeão do carnaval carioca: Unidos de Vila Isabel, através da mega experiente Rosa Magalhães e do jovem presidente Wilsinho.
Uma ótima semana a todos e VIVA o CARNAVAL!