Para dar início aos trabalhos do Carnaval é História, apresentamos um enredo muito valioso do maior ícone do carnaval carioca, João Clemente Jorge Trinta, o Joãosinho Trinta. Em 1994 o carnavalesco levou para a avenida o enredo "Tereza de Benguela, uma rainha negra no Pantanal", com a Unidos do Viradouro.
O enredo criado por J30 é contado através dos acordes de uma viola de cocho, instrumento típico da região do Pantanal, mas que teve origem na Pérsia.
Através desses acordes, a história de Tereza de Benguela foi contada. Ela foi a grande rainha do quilombo
de Quariterê, destruído pela cobiça européia.
Mitos indígenas, a resistência africana, a violência de além mar e a história de uma guerreira foram
apresentados no desfile, ou seja: HISTÓRIA pura!
Através desses acordes, a história de Tereza de Benguela foi contada. Ela foi a grande rainha do quilombo
de Quariterê, destruído pela cobiça européia.
Mitos indígenas, a resistência africana, a violência de além mar e a história de uma guerreira foram
apresentados no desfile, ou seja: HISTÓRIA pura!
O Samba Enredo é belíssimo!
Amor, amor, amor...
Sou a viola de cocho dolente
Vim da Pérsia, no Oriente
Para chegar ao Pantanal
Pela Mongólia eu passei
Atravessei a Europa medieval
Nos meus acordes vou contar
A saga de Tereza de Benguela
Uma rainha africana
Escravizada em Vila Bela
O ciclo do ouro iniciava
No cativeiro, sofrimento e agonia
A rebeldia, acendeu a chama da liberdade
No Quilombo, o sonho de felicidade
Ilê Ayê, Ara Ayê Ilu Ayê
Um grito forte ecoou
A esperança, no quariterê
O negro abraçou
No seio de Mato Grosso, a festança começava
No parlamento, a rainha negra governava
Índios, caboclos e mestiços, numa civilização
O sangue latino vem da miscigenação
A invasão gananciosa, um ideal aniquilava
A rainha enlouqueceu, foi sacrificada
Quando a maldição, a opressão exterminou
No infinito uma estrela cintilou
Vai clarear, oh vai clarear
Um Sol dourado de Quimera
A luz de Tereza não apagará
E a Viradouro brilhará na nova era
Sou a viola de cocho dolente
Vim da Pérsia, no Oriente
Para chegar ao Pantanal
Pela Mongólia eu passei
Atravessei a Europa medieval
Nos meus acordes vou contar
A saga de Tereza de Benguela
Uma rainha africana
Escravizada em Vila Bela
O ciclo do ouro iniciava
No cativeiro, sofrimento e agonia
A rebeldia, acendeu a chama da liberdade
No Quilombo, o sonho de felicidade
Ilê Ayê, Ara Ayê Ilu Ayê
Um grito forte ecoou
A esperança, no quariterê
O negro abraçou
No seio de Mato Grosso, a festança começava
No parlamento, a rainha negra governava
Índios, caboclos e mestiços, numa civilização
O sangue latino vem da miscigenação
A invasão gananciosa, um ideal aniquilava
A rainha enlouqueceu, foi sacrificada
Quando a maldição, a opressão exterminou
No infinito uma estrela cintilou
Vai clarear, oh vai clarear
Um Sol dourado de Quimera
A luz de Tereza não apagará
E a Viradouro brilhará na nova era
Para aqueles que não estão acostumados à linguagem histórica e/ou carnavalesca, um breve dicionário para "clarear" as dúvidas:
Viola de Cocho dolente: instrumento musical típico do Pantanal, com desenho e som característico.
Mongólia: País que faz fronteira com a Rússia no norte e com a China no sul, leste e oeste.
Benguela: é uma cidade e município, capital da província de Benguela, no oeste de Angola. No contexto da União Ibérica, o rei Filipe II de Portugal separou, em 1615 o "Reino de Benguela" de Angola.
Vila Bela: Vila Bela da Santíssima Trindade é um município do estado de Mato Grosso.
Ilê Ayê, Ara Ayê Ilu Ayê: expressões africanas que significam "terra da vida", "casa, lar dos negros", usados nos cantos de lamento dos escravos nas senzalas.
Quariterê: nome do quilombo liderado por Tereza de Benguela, em Mato Grosso.
Quimera: pelo sentido utilizado no samba, refere-se a imaginação, sonho, fantasia.
As fotos do desfile são escassas e as existentes de baixa qualidade visual.
Para que possamos sentir o clima do desfile, nada melhor do que o grito de guerra e o início do desfile da Viradouro de 1994. Destaque para a excelente atuação de Rico Medeiros, brilhante intérprete carioca. Além disso, por volta dos 3:10 de vídeo, reparem na entrada da bateria conectando-se ao ritmo imposto pelos intérpretes, um dos momentos mais emocionantes para todo amante do carnaval.
Os significados históricos trazidos por este enredo são fundamentais para a compreensão da formação cultural do Brasil. Porém, devemos estar mais atentos para ícones de nossa história que muitas vezes são deixados de lado ou menosprezados pela imprensa ou pela historiografia tradicional.
A Unidos do Viradouro cumpriu um importante papel com este enredo, trazendo à luz da passarela a figura de Tereza de Benguela, líder de um quilombo cravado no chão do Pantanal.
Espero que tenham gostado do primeiro enredo apresentado e conto com as sugestões e perguntas de todos para promover o crescimento desse espaço de discussão de História e carnaval.
Abraço a todos!
Excelente temática para um blog!
ResponderExcluirCaro autor, você conhece alguma referência, de caráter historiográfico, sobre a trajetória da Viola de Cocho dolente???
Então é um grande prazer verificar um blog sobre o carnaval, que não pretende apenas cair no senso comum , mas unir a nossa principal festa popular com a história, como graduanda de ciencias sociais , e tentando fazer minha monografia sobre as escolas de samba é gratificante e esclarecedor, obrigada e boa sorte!!!!
ResponderExcluirAs referências que utilizei sobre a trajetória da viola de cocho são oriundas do próprio enredo da escola.
ResponderExcluirAs referências na web falam da Ásia, derivado do alaúde árabe.
Certeza absoluta não há!
Você como historiador saberia me informar a origem das expressões sabado, domingo, segunda e terça feira gorda?
ResponderExcluire domingo magro?
Olha, os dias com o adjetivo "Gordo" referem-se aos dias que antecedem a quarta-feira de cinzas e, consequentemente o início da quaresma, período de reflexão em que muitos evitam o consumo de carne.
ResponderExcluirO domingo magro era antigamente aquele anterior ao domingo de carnaval, portanto, quando se iniciavam os festejos de carnaval nas suas diferentes formas ao redor do planeta.
Por exemplo, em 2011 o domingo magro seria dia 27 de fevereiro, ou seja: o domingo anterior ao dia 06/03, domingo de carnaval (domingo gordo).
Espero ter ajudado a esclarecer!
Adorei esse blog!...Sempre concordei com essa idéia...Para mim, o Carnaval do Rio de janeiro é uma grande ópera e, consequentemente, fonte histórica em forma de arte!
ResponderExcluirParabéns!
Obrigado pela informação
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