Uma pérola, jóia rara exibida nas ruas próximas à atual Marquês de Sapucaí. A escola detentora dessa honra foi a Em Cima da Hora, atualmente nos grupos de acesso. De Início, a Letra do samba, sensacional:
Os Sertões (1976)
Em Cima da Hora
Composição : Edeor de Paula
Marcado pela própria natureza
O Nordeste do meu Brasil
Oh! solitário sertão
De sofrimento e solidão
A terra é seca
Mal se pode cultivar
Morrem as plantas e foge o ar
A vida é triste nesse lugar
Sertanejo é forte
Supera miséria sem fim
Sertanejo homem forte
Dizia o Poeta assim
Foi no século passado
No interior da Bahia
O Homem revoltado com a sorte
do mundo em que vivia
Ocultou-se no sertão
espalhando a rebeldia
Se revoltando contra a lei
Que a sociedade oferecia
Os Jagunços lutaram
Até o final
Defendendo Canudos
Naquela guerra fatal
Em Cima da Hora
Composição : Edeor de Paula
Marcado pela própria natureza
O Nordeste do meu Brasil
Oh! solitário sertão
De sofrimento e solidão
A terra é seca
Mal se pode cultivar
Morrem as plantas e foge o ar
A vida é triste nesse lugar
Sertanejo é forte
Supera miséria sem fim
Sertanejo homem forte
Dizia o Poeta assim
Foi no século passado
No interior da Bahia
O Homem revoltado com a sorte
do mundo em que vivia
Ocultou-se no sertão
espalhando a rebeldia
Se revoltando contra a lei
Que a sociedade oferecia
Os Jagunços lutaram
Até o final
Defendendo Canudos
Naquela guerra fatal
A Seguir, a sinopse do enredo, detalhada, com alas, carros alegóricos e tudo que se tem direito de saber, mesmo sendo umdesfile de 1976, quando são difíceis de obter essas informações.
SINOPSE 1976
Os Sertões
Os Sertões
Introdução:
Quando Euclides da Cunha afirmou ser o sertanejo acima de
tudo um forte, quis dizer que o brasileiro era acima de tudo um forte,
apesar de todas as adversidades naturais a um País em formação.
Longe da Campanha de Canudos, na ausência das suas ruínas,
quando a República dava seus primeiros passos, ainda no clima de receios
da extinta Monarquia, Antonio conselheiro seria mero episódio regional,
talvez sem expressão, não fossem os temores da época, que os boatos
faziam crescer.
A luta estava declarada. Euclides da Cunha retratou-a, através
da força do seu talento. Todos sabem disso.
Cabe, entretanto, hoje, dizer dos esforços da Escola de Samba
Em Cima da Hora para mostrar isto: o passado, estórias detalhes, cores,
melodia, poesia. A letra do seu samba-enredo está estritamente dentro das
fronteiras da verdade e sua melodia reflete realmente o necessário estado
de ânimo daquele período.
O trabalho foi sério e de pesquisa. Nem podia deixar de ser
assim. Pela simples razão de que o Escritor, os Acontecimentos, a grande
História, foram forjados no fogo e sangue de seus combatentes.
Relembra, apenas, as palavras de Euclides da Cunha: “Canudos
não se rendeu”.
Que a Em Cima da Hora não se renda. E que assuma, dentro de
cada um, o entusiasmo deste exemplo.
E desfile firme, ao som das percussões e do seu cantar e
dançar e vencer.
Merecida Vitória!
Dirceu Quintanilha
Apresentação:
O G.R.E.S. Em Cima da Hora, sente-se honrado em abrir o desfile oficial do carnaval de 1976 na capital mundial da beleza e do turismo e, na oportunidade em que o samba volta ao seu berço natal, a Praça XI, enviamos as nossas homenagens especiais às autoridades Federais, Estaduais e Municipais e em particular ao Prefeito Dr. Marcos Tamoio e a Riotur, na pessoa do seu Presidente Dr. Vitor de Oliveira.
Quando Euclides da Cunha afirmou ser o sertanejo acima de
tudo um forte, quis dizer que o brasileiro era acima de tudo um forte,
apesar de todas as adversidades naturais a um País em formação.
Longe da Campanha de Canudos, na ausência das suas ruínas,
quando a República dava seus primeiros passos, ainda no clima de receios
da extinta Monarquia, Antonio conselheiro seria mero episódio regional,
talvez sem expressão, não fossem os temores da época, que os boatos
faziam crescer.
A luta estava declarada. Euclides da Cunha retratou-a, através
da força do seu talento. Todos sabem disso.
Cabe, entretanto, hoje, dizer dos esforços da Escola de Samba
Em Cima da Hora para mostrar isto: o passado, estórias detalhes, cores,
melodia, poesia. A letra do seu samba-enredo está estritamente dentro das
fronteiras da verdade e sua melodia reflete realmente o necessário estado
de ânimo daquele período.
O trabalho foi sério e de pesquisa. Nem podia deixar de ser
assim. Pela simples razão de que o Escritor, os Acontecimentos, a grande
História, foram forjados no fogo e sangue de seus combatentes.
Relembra, apenas, as palavras de Euclides da Cunha: “Canudos
não se rendeu”.
Que a Em Cima da Hora não se renda. E que assuma, dentro de
cada um, o entusiasmo deste exemplo.
E desfile firme, ao som das percussões e do seu cantar e
dançar e vencer.
Merecida Vitória!
Dirceu Quintanilha
Apresentação:
O G.R.E.S. Em Cima da Hora, sente-se honrado em abrir o desfile oficial do carnaval de 1976 na capital mundial da beleza e do turismo e, na oportunidade em que o samba volta ao seu berço natal, a Praça XI, enviamos as nossas homenagens especiais às autoridades Federais, Estaduais e Municipais e em particular ao Prefeito Dr. Marcos Tamoio e a Riotur, na pessoa do seu Presidente Dr. Vitor de Oliveira.
Saudamos a Imprensa escrita, falada, filmada e televisada do Brasil e do mundo.
Saudamos a Comissão julgadora, aos turistas, ao povo carioca e a todos os brasileiros.
Parabéns ao novo Estado do Rio de Janeiro com o melhor carnaval do mundo.
Pedimos passagens e apresentamos nosso enredo: “Os Sertões” do livro de Euclides da Cunha.
Desenvolvimento:
Servimo-nos do livro “Os Sertões” de Euclides da Cunha, para extrair o enredo para a nosso exibição neste carnaval de 1976. Encenaremos com aproximadamente dois mil e duzentos (2.200) figurantes, toda a odisséia de Canudos, iniciando como no livro, com a situação da TERRA e a formação do HOMEM, para depois, então, entrarmos na LUTA, finalizando com a PAZ.
Nosso carnaval divide-se em três (3) partes: A TERRA, O HOMEM e A LUTA distribuídas em quatro setores:
1° Setor - A Terra
Mostraremos o desolamento do sertão, o martírio da terra permanentemente castigada por verões quentíssimos e secas periódicas, as enchentes, o sertão de Canudos, a seca, a vegetação agreste, as árvores esqueléticas, geralmente sem folhas e a caatinga.
2° Setor - O Homem
Lutando contra toda a adversidade da TERRA, o homem do Nordeste brasileiro, será realçado em toda a sua bravura enfatizando a frase do escritor que celebrizou o drama de Canudos: “O SERTANEJO É ANTES DE TUDO UM FORTE”, uma realidade objetiva feita de violências, vicissitudes, tragédias e beleza. A luto do homem contra a natureza inóspita e cruel.
A formação do homem do nordeste, a mistura das raças, o negro, o índio e o branco...
A exploração do sertão por bandeirantes paulistas e gaúchos, através do Rio S. Francisco de grande importância. O grande Rio erigia-se desde o princípio com feição de um unificador étnico, longo traço de união entre as duas sociedades que não se conheciam.
O vaqueiro raça forte e antiga, de caracteres definidos e imutáveis mesmo nas maiores crises.
Antonio Conselheiro – Documento vivo de atavismo
A vida de Antonio Conselheiro é um capítulo instantâneo na vida de sua sociedade.
Viu a República com maus olhos e pregou, coerente, a rebeldia contra os novas leis.
3° Setor - A Luta
A campanha de Canudos despontou da convergência espontânea de todas as forças desvairadas, perdidos nos sertões.
Os primeiros combates, as reações, Monte Santo, Canudos, os canhões Krup 7½.
As forças expedicionárias em constantes combates com os ardilosos jagunços.
A Expedição Moreira Cezar, a Coluna Savaget, o Coronel Carlos Teles, o General Artur Oscar, bravos combatentes em prol da República e do Governo Floriano Peixoto.
As profecias de Antonio Conselheiro, a chegada de Dom Sebastião.
4° Setor – A Paz
Os jagunços lutaram até o final, esfomeados e rotos, predispunham-se o um suicídio formidável. Moribundos, com os dedos nos gatilhos das espingardas, combatiam Contra um exército.
Canudos não se rendeu. Exemplo único em toda a história, resistiu até ao esgotamento completo.
Apresentação do Carnaval:
Setor 1:
Abre Alas - É a maneira das Escolas apresentarem seus enredos. Nosso Abre-Alas é a reprodução do livro “OS SERTÕES”, de Euclides da Cunha, tendo em baixo relevo a efígie do grande escritor brasileiro e um SOL com o nome da nossa Escola.
Comissão de Frente - Composta de 15 rapazes vestidos à moda da época (1902), como Euclides da Cunha se vestia. Figurino tirado de fotografias do escritor.
Alegoria de Mão - Nossa homenagem póstuma ao grande sambista NATAL no primeiro ano ausente da passarela.
Alegoria de Mão - O Sol - símbolo do nosso enredo.
Destaque - Linda fantasia representando o astro REI, vestida por Jayme Santos.
Ala de Abertura - Dez lindas mulatas vestidas com fantasias estilizadas, representando o clima e a vegetação dos sertões.
1ª Parte:
Alegoria de Mão - A TERRA: A terra árida, ignota, o sertão agreste, as caatingas as plantas típicas.
Alas de Índios: A formação do homem brasileiro, sua origem, o início do civilização.
Destaque - A TERRA, linda fantasia usada por Cilinha Crespo Severino (destaque de ouro).
Alas - O luar do sertão: Várias estilizações inspirados nas noites sertanejas. Alas inspiradas no clima e na vegetação.
Destaque - A MATA: Rico figurino representado por Antônio Maria Eleutério.
Alas - Figurinos inspirados no clima e vegetação.
2ª Parte - O Homem
Alegoria de Mão - Nesta fase Euclides da Cunha procurou apresentar a formação do homem brasileiro no nordeste. Fez uma análise geral e comparações com os povos do Sul.
Alas - Apresenta o NEGRO, O ÍNDIO, O MAMELUCO ou CURIBÓCA, O CAFUZO e o MULATO na formação do homem nordestino.
Sua célebre frase: “O SERTANEJO É ANTES DE TUDO UM FORTE”. Diz bem o que ele achava do povo do nordeste brasileiro.
Alas - Ricas fantasias inspiradas no índio, no branco e no negro.
O CANGACEIRO, tipicamente vestido.
Várias estilizações de jagunços, vaqueiros e cangaceiros.
Alegoria de Mão – O SERTANEJO É ANTES DE TUDO UM FORTE.
Destaque – O HOMEM: Entre duas alegorias que complementam sua fantasia, este lindo figurino retrata fielmente a figura do CANGACEIRO, representado por JOSÉ DOS SANTOS.
Alas – INDIOS – Diversos tipos de índios brasileiros.
Destaque – DOM SEBASTIÃO: Figurino de grande efeito, ricamente representado por CLÓVIS BORNAY, símbolo do carnaval brasileiro.
Alas – Bandeirantes e índios.
2° Setor
Alegoria de Mão – Painel em vime – Participação do negro na formação da raça brasileira.
Alas – Figurinos inspirados no negro, no branco e no índio, várias estilizações. O vaqueiro nordestino. Estilizações inspirados no símbolo do nosso carnaval - O SOL.
Ala – Capoeira
2° Casal de Mestre-Sala e Porta Bandeira: Dentro da formação de uma Escola, o 2° Mestre Sala e a 2ª Porta Bandeira, trazem o pavilhão com que a Escola desfilou no ano anterior.
Alegoria de Mão - CARRANCAS DO RIO SÃO FRANCISCO: A função histórica que teve, o RIO SÃO FRANCISCO na formação dos raças, por onde os bandeirantes alcançavam o nordeste, está representado pelas famosas CARRANCAS usadas nos barcos.
Alas – Vaqueiros do Norte e do Sul
Destaque: O GAÚCHO figurino típico vestido por PAULO SENNA.
Alas – Gaúchos, figurinos típicos e estilizados.
Destaque – NOITE SERTANEJA, representados por Olinda e Arthur.
Alegoria de Mão – (vime) – Comparação entre o homem do norte e do sul.
Alas – Estilizações diversas.
1° Carro Alegórico: Composição inspirada na formação da raça brasileira onde aparecem as figuras do branco representado por um bandeirante, do índio e do negro.
As carrancas das barcas do Rio S. Francisco e a vegetação típica complementam esta alegoria.
Alas – CONJUNTO SHOW
Alegoria de Mão (vime) DAMA DA ALTA SOCIEDADE – (fins do século XIX).
Destaque: Rica Dama do século XIX representada por Mora do Nascimento.
Alas – Estilizações diversas de cangaceiros. Cangaceiros tipicamente vestidos.
3ª Parte:
Alegoria de Mão (vime) – A LUTA: A guerra de Canudos, a luta fraticida, os combates sangrentos e cruéis, a figura de ANTONIO CONSELHEIRO, O BEATO, OS CABECINHAS e OS JAGUNÇOS.
As expedições combatentes e os briosos militares.
Canudos não se rendeu, lutou até o último combatente.
Destaque – A LUTA: Linda e rica fantasia ostentada por Mariazinha Suzano (destaque de ouro) inspirado em elementos que caracterizam a batalha de Canudos.
Ala – SOLDADOS E JAGUNÇOS
Alas – Figurinos inspirados nos estragos causados pela refrega.
Alegoria de Mão (vime) ANTONIO CONSELHEIRO UM MITO
Destaque – ANTONIO CONSELHEIRO: Vistosa fantasia representando o líder de Canudos, ostentada por Maurílio Mozart.
Ala – ANTONIO CONSELHEIRO na fase pobre
Ala de Cangaceiros.
Mestre-Sala e Porta Bandeira mirins: Responsáveis pela Bandeira do Divino. Carregam-na Augustinho e Sylvinha.
Alegoria Intermediária: Dois (2) canhões KRUPP do tipo dos que foram utilizados durante a campanha de CANUDOS.
Alas – Soldados e cangaceiros, autênticas e estilizadas.
Destaque – O BEATO: A segunda pessoa em importância na Campanha de Canudos, o braço direito de Antonio Conselheiro, vestido por Geraldo Hernano da Silva Lopes, numa réplica maravilhosa do velho cabecilha.
Alas – Cangaceiros – figurinos autênticos e estilizados.
3° Setor
2° Carro Alegórico: Carro simbolizando a batalha com esculturas do Conselheiro, soldados e jagunços. Complementa a alegoria um grande painel onde está pintado cenas da Campanha de Canudos.
Alas de soldados, jagunços, cangaceiros, alas masculinas, femininas e mistas. Figurinos típicos e estilizados.
Passistas – Alas mistas.
Destaque – DAMA DA ÉPOCA: Linda fantasia inspirado nas domas da época, representada por ELIANA PITMAN.
Carro de Som – O samba será “puxado” pelos cantores NANDO e BAIANINHO, acompanhados pelo conjunto NOSSO SAMBA.
Bateria: Composta de duzentos (200) ritmistas sob o batuta dos mestres BIRA, LÉO e ZÉ CARLOS. Reúne ritmistas de primeira qualidade que se propõem o dar um verdadeiro show na avenida.
Vestida com figurino de jagunço estilizado, para melhor mobilização.
Acompanham a bateria a Rainha de Bateria e a ala feminina de passistas da bateria.
Alas – Figurinos de jagunços, soldados e damas dos fins do século XIX. Figurinos típicos e estilizados.
Destaque – O casal de destaques ricos apresentam as figuras do Marechal Deodoro da Fonseca e sua esposa Dona Mariana Cecília de Souza Meireles, representados por Hélio José Coelho e Nilza Praga de Oliveira.
Alas – Vaqueiros e jagunços, estilizações diversas.
Destaque – DAMA DA ALTA SOCIEDADE: Do princípio do século XX representada por MARIA DE LOURDES.
1° Casal de Mestre-Sala e Porta Bandeira: Itinho e Estandília, casal maravilhoso que leva a bandeira do nosso carnaval, cujo símbolo é o SOL.
A bandeira é para a Porta Bandeira e Mestre Sala, como uma jóia carregada por uma dama cortejada por um cavalheiro.
Alas – Jagunços, soldados e índios. Estilizações diversas.
Destaque – Rica fantasia de dama da alta sociedade do princípio do século XX, representada por IÁRA FERNANDES RIBEIRO.
Alas – Jagunços. Estilizações diversas.
4° Setor:
Alegoria de Mão
Alas – Estilizações Diversas.
Alas – Passistas. Figurinos próprios.
Alas – Ala mista, com figurino estilizado baseado no SOL.
Alegoria de Mão (vime) A PAZ
Alas – Figurinos de vaqueiros nordestinos – alas masculinas, femininas e mistas, estilizações diversas.
Destaques – FLORIANO PEIXOTO e sua esposa JOSINA PEIXOTO: Representados por Sudemário Rodrigues e Ivone Pinheiro, ricamente vestidos.
Alas – Jagunços e índios – estilizações diversas.
Alegoria de Mão – Monarquia e República.
Destaque: Rica fantasia inspirada na Monarquia recém-extinta e na República então proclamada. Vem muito bem representada por Mário Piquet.
Alas – Jagunços e cangaceiros. Alas masculinas, femininas e mistas. Estilizações diversas.
3° Carro Alegórico: Um lindo carro, simbolizando o PAZ, o fim da batalha, a volta à normalidade.
Trazendo a figura do Conselheiro já como lenda, o jagunço voltando à sua vida cotidiana e a pomba da PAZ.
Alas – JAGUNÇOS E VAQUEIROS: Alas masculinas, femininas e mistas. Estilizações diversas.
Alas – Baianas, diversas estilizações
Alas – Fechando o nosso desfile a ALA DAS BAIANAS RICAS (Baianas gordas, baianas tradicionais).
Saudamos a Comissão julgadora, aos turistas, ao povo carioca e a todos os brasileiros.
Parabéns ao novo Estado do Rio de Janeiro com o melhor carnaval do mundo.
Pedimos passagens e apresentamos nosso enredo: “Os Sertões” do livro de Euclides da Cunha.
Desenvolvimento:
Servimo-nos do livro “Os Sertões” de Euclides da Cunha, para extrair o enredo para a nosso exibição neste carnaval de 1976. Encenaremos com aproximadamente dois mil e duzentos (2.200) figurantes, toda a odisséia de Canudos, iniciando como no livro, com a situação da TERRA e a formação do HOMEM, para depois, então, entrarmos na LUTA, finalizando com a PAZ.
Nosso carnaval divide-se em três (3) partes: A TERRA, O HOMEM e A LUTA distribuídas em quatro setores:
1° Setor - A Terra
Mostraremos o desolamento do sertão, o martírio da terra permanentemente castigada por verões quentíssimos e secas periódicas, as enchentes, o sertão de Canudos, a seca, a vegetação agreste, as árvores esqueléticas, geralmente sem folhas e a caatinga.
2° Setor - O Homem
Lutando contra toda a adversidade da TERRA, o homem do Nordeste brasileiro, será realçado em toda a sua bravura enfatizando a frase do escritor que celebrizou o drama de Canudos: “O SERTANEJO É ANTES DE TUDO UM FORTE”, uma realidade objetiva feita de violências, vicissitudes, tragédias e beleza. A luto do homem contra a natureza inóspita e cruel.
A formação do homem do nordeste, a mistura das raças, o negro, o índio e o branco...
A exploração do sertão por bandeirantes paulistas e gaúchos, através do Rio S. Francisco de grande importância. O grande Rio erigia-se desde o princípio com feição de um unificador étnico, longo traço de união entre as duas sociedades que não se conheciam.
O vaqueiro raça forte e antiga, de caracteres definidos e imutáveis mesmo nas maiores crises.
Antonio Conselheiro – Documento vivo de atavismo
A vida de Antonio Conselheiro é um capítulo instantâneo na vida de sua sociedade.
Viu a República com maus olhos e pregou, coerente, a rebeldia contra os novas leis.
3° Setor - A Luta
A campanha de Canudos despontou da convergência espontânea de todas as forças desvairadas, perdidos nos sertões.
Os primeiros combates, as reações, Monte Santo, Canudos, os canhões Krup 7½.
As forças expedicionárias em constantes combates com os ardilosos jagunços.
A Expedição Moreira Cezar, a Coluna Savaget, o Coronel Carlos Teles, o General Artur Oscar, bravos combatentes em prol da República e do Governo Floriano Peixoto.
As profecias de Antonio Conselheiro, a chegada de Dom Sebastião.
4° Setor – A Paz
Os jagunços lutaram até o final, esfomeados e rotos, predispunham-se o um suicídio formidável. Moribundos, com os dedos nos gatilhos das espingardas, combatiam Contra um exército.
Canudos não se rendeu. Exemplo único em toda a história, resistiu até ao esgotamento completo.
Apresentação do Carnaval:
Setor 1:
Abre Alas - É a maneira das Escolas apresentarem seus enredos. Nosso Abre-Alas é a reprodução do livro “OS SERTÕES”, de Euclides da Cunha, tendo em baixo relevo a efígie do grande escritor brasileiro e um SOL com o nome da nossa Escola.
Comissão de Frente - Composta de 15 rapazes vestidos à moda da época (1902), como Euclides da Cunha se vestia. Figurino tirado de fotografias do escritor.
Alegoria de Mão - Nossa homenagem póstuma ao grande sambista NATAL no primeiro ano ausente da passarela.
Alegoria de Mão - O Sol - símbolo do nosso enredo.
Destaque - Linda fantasia representando o astro REI, vestida por Jayme Santos.
Ala de Abertura - Dez lindas mulatas vestidas com fantasias estilizadas, representando o clima e a vegetação dos sertões.
1ª Parte:
Alegoria de Mão - A TERRA: A terra árida, ignota, o sertão agreste, as caatingas as plantas típicas.
Alas de Índios: A formação do homem brasileiro, sua origem, o início do civilização.
Destaque - A TERRA, linda fantasia usada por Cilinha Crespo Severino (destaque de ouro).
Alas - O luar do sertão: Várias estilizações inspirados nas noites sertanejas. Alas inspiradas no clima e na vegetação.
Destaque - A MATA: Rico figurino representado por Antônio Maria Eleutério.
Alas - Figurinos inspirados no clima e vegetação.
2ª Parte - O Homem
Alegoria de Mão - Nesta fase Euclides da Cunha procurou apresentar a formação do homem brasileiro no nordeste. Fez uma análise geral e comparações com os povos do Sul.
Alas - Apresenta o NEGRO, O ÍNDIO, O MAMELUCO ou CURIBÓCA, O CAFUZO e o MULATO na formação do homem nordestino.
Sua célebre frase: “O SERTANEJO É ANTES DE TUDO UM FORTE”. Diz bem o que ele achava do povo do nordeste brasileiro.
Alas - Ricas fantasias inspiradas no índio, no branco e no negro.
O CANGACEIRO, tipicamente vestido.
Várias estilizações de jagunços, vaqueiros e cangaceiros.
Alegoria de Mão – O SERTANEJO É ANTES DE TUDO UM FORTE.
Destaque – O HOMEM: Entre duas alegorias que complementam sua fantasia, este lindo figurino retrata fielmente a figura do CANGACEIRO, representado por JOSÉ DOS SANTOS.
Alas – INDIOS – Diversos tipos de índios brasileiros.
Destaque – DOM SEBASTIÃO: Figurino de grande efeito, ricamente representado por CLÓVIS BORNAY, símbolo do carnaval brasileiro.
Alas – Bandeirantes e índios.
2° Setor
Alegoria de Mão – Painel em vime – Participação do negro na formação da raça brasileira.
Alas – Figurinos inspirados no negro, no branco e no índio, várias estilizações. O vaqueiro nordestino. Estilizações inspirados no símbolo do nosso carnaval - O SOL.
Ala – Capoeira
2° Casal de Mestre-Sala e Porta Bandeira: Dentro da formação de uma Escola, o 2° Mestre Sala e a 2ª Porta Bandeira, trazem o pavilhão com que a Escola desfilou no ano anterior.
Alegoria de Mão - CARRANCAS DO RIO SÃO FRANCISCO: A função histórica que teve, o RIO SÃO FRANCISCO na formação dos raças, por onde os bandeirantes alcançavam o nordeste, está representado pelas famosas CARRANCAS usadas nos barcos.
Alas – Vaqueiros do Norte e do Sul
Destaque: O GAÚCHO figurino típico vestido por PAULO SENNA.
Alas – Gaúchos, figurinos típicos e estilizados.
Destaque – NOITE SERTANEJA, representados por Olinda e Arthur.
Alegoria de Mão – (vime) – Comparação entre o homem do norte e do sul.
Alas – Estilizações diversas.
1° Carro Alegórico: Composição inspirada na formação da raça brasileira onde aparecem as figuras do branco representado por um bandeirante, do índio e do negro.
As carrancas das barcas do Rio S. Francisco e a vegetação típica complementam esta alegoria.
Alas – CONJUNTO SHOW
Alegoria de Mão (vime) DAMA DA ALTA SOCIEDADE – (fins do século XIX).
Destaque: Rica Dama do século XIX representada por Mora do Nascimento.
Alas – Estilizações diversas de cangaceiros. Cangaceiros tipicamente vestidos.
3ª Parte:
Alegoria de Mão (vime) – A LUTA: A guerra de Canudos, a luta fraticida, os combates sangrentos e cruéis, a figura de ANTONIO CONSELHEIRO, O BEATO, OS CABECINHAS e OS JAGUNÇOS.
As expedições combatentes e os briosos militares.
Canudos não se rendeu, lutou até o último combatente.
Destaque – A LUTA: Linda e rica fantasia ostentada por Mariazinha Suzano (destaque de ouro) inspirado em elementos que caracterizam a batalha de Canudos.
Ala – SOLDADOS E JAGUNÇOS
Alas – Figurinos inspirados nos estragos causados pela refrega.
Alegoria de Mão (vime) ANTONIO CONSELHEIRO UM MITO
Destaque – ANTONIO CONSELHEIRO: Vistosa fantasia representando o líder de Canudos, ostentada por Maurílio Mozart.
Ala – ANTONIO CONSELHEIRO na fase pobre
Ala de Cangaceiros.
Mestre-Sala e Porta Bandeira mirins: Responsáveis pela Bandeira do Divino. Carregam-na Augustinho e Sylvinha.
Alegoria Intermediária: Dois (2) canhões KRUPP do tipo dos que foram utilizados durante a campanha de CANUDOS.
Alas – Soldados e cangaceiros, autênticas e estilizadas.
Destaque – O BEATO: A segunda pessoa em importância na Campanha de Canudos, o braço direito de Antonio Conselheiro, vestido por Geraldo Hernano da Silva Lopes, numa réplica maravilhosa do velho cabecilha.
Alas – Cangaceiros – figurinos autênticos e estilizados.
3° Setor
2° Carro Alegórico: Carro simbolizando a batalha com esculturas do Conselheiro, soldados e jagunços. Complementa a alegoria um grande painel onde está pintado cenas da Campanha de Canudos.
Alas de soldados, jagunços, cangaceiros, alas masculinas, femininas e mistas. Figurinos típicos e estilizados.
Passistas – Alas mistas.
Destaque – DAMA DA ÉPOCA: Linda fantasia inspirado nas domas da época, representada por ELIANA PITMAN.
Carro de Som – O samba será “puxado” pelos cantores NANDO e BAIANINHO, acompanhados pelo conjunto NOSSO SAMBA.
Bateria: Composta de duzentos (200) ritmistas sob o batuta dos mestres BIRA, LÉO e ZÉ CARLOS. Reúne ritmistas de primeira qualidade que se propõem o dar um verdadeiro show na avenida.
Vestida com figurino de jagunço estilizado, para melhor mobilização.
Acompanham a bateria a Rainha de Bateria e a ala feminina de passistas da bateria.
Alas – Figurinos de jagunços, soldados e damas dos fins do século XIX. Figurinos típicos e estilizados.
Destaque – O casal de destaques ricos apresentam as figuras do Marechal Deodoro da Fonseca e sua esposa Dona Mariana Cecília de Souza Meireles, representados por Hélio José Coelho e Nilza Praga de Oliveira.
Alas – Vaqueiros e jagunços, estilizações diversas.
Destaque – DAMA DA ALTA SOCIEDADE: Do princípio do século XX representada por MARIA DE LOURDES.
1° Casal de Mestre-Sala e Porta Bandeira: Itinho e Estandília, casal maravilhoso que leva a bandeira do nosso carnaval, cujo símbolo é o SOL.
A bandeira é para a Porta Bandeira e Mestre Sala, como uma jóia carregada por uma dama cortejada por um cavalheiro.
Alas – Jagunços, soldados e índios. Estilizações diversas.
Destaque – Rica fantasia de dama da alta sociedade do princípio do século XX, representada por IÁRA FERNANDES RIBEIRO.
Alas – Jagunços. Estilizações diversas.
4° Setor:
Alegoria de Mão
Alas – Estilizações Diversas.
Alas – Passistas. Figurinos próprios.
Alas – Ala mista, com figurino estilizado baseado no SOL.
Alegoria de Mão (vime) A PAZ
Alas – Figurinos de vaqueiros nordestinos – alas masculinas, femininas e mistas, estilizações diversas.
Destaques – FLORIANO PEIXOTO e sua esposa JOSINA PEIXOTO: Representados por Sudemário Rodrigues e Ivone Pinheiro, ricamente vestidos.
Alas – Jagunços e índios – estilizações diversas.
Alegoria de Mão – Monarquia e República.
Destaque: Rica fantasia inspirada na Monarquia recém-extinta e na República então proclamada. Vem muito bem representada por Mário Piquet.
Alas – Jagunços e cangaceiros. Alas masculinas, femininas e mistas. Estilizações diversas.
3° Carro Alegórico: Um lindo carro, simbolizando o PAZ, o fim da batalha, a volta à normalidade.
Trazendo a figura do Conselheiro já como lenda, o jagunço voltando à sua vida cotidiana e a pomba da PAZ.
Alas – JAGUNÇOS E VAQUEIROS: Alas masculinas, femininas e mistas. Estilizações diversas.
Alas – Baianas, diversas estilizações
Alas – Fechando o nosso desfile a ALA DAS BAIANAS RICAS (Baianas gordas, baianas tradicionais).
Qualquer comentário sobre essa verdadeira obra-prima do carnaval, é desnecessário!
Aproveitem!
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