Sou Cultura viva, pulsando no compasso da bateria! Sou sangue do gigante Brasil!

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sábado, 26 de março de 2011

Bota abaixo!

Uma reforma sempre gera muito transtorno, por mais organizada que seja! Porém, quando isso é feito em uma cidade, podemos imaginar a confusão!
 Em 1997 a União da Ilha do Governador apresentou o enredo "Cidade Maravilhosa - O sonho de Pereira Passos" que foi desenvolvido pelo carnavalesco Roberto Szaniecki. 
A escola mostrou a transformação pela qual passou o Rio de Janeiro no início do século XX, quando uma grande remodelação do centro da cidade acabou com os tradicionais cortiços e deu lugar às grandes avenidas inspiradas nos modelos parisienses, os chamados boulevards.
 Na mesma época, foi construído o Teatro Municipal do Rio de Janeiro, uma maravilha da arquitetura, inspirada sempre na Europa. 
 Um dos cortiçoes que dominavam a paisagem do centro do Rio de Janeiro no início do século XX. 

Esse cenário típico inspirou um clássico daliteratura nacional!
 Após as reformas urbanas do então prefeito Pereira Passos, essa passou a ser a visão central da cidade! Largas avenidas, canteiros centrais, arquitetura européia! Esse é o teatro Municipal! 
Entre os dias 10 e 18 de novembro de 1904, a cidade do Rio de Janeiro viveu o que a imprensa chamou de “a mais terrível das revoltas populares da República”, tudo feito por uma massa de 3000 revoltosos. A causa foi a lei que tornava obrigatória a vacina contra a varíola. E o personagem principal, o jovem médico sanitarista Oswaldo Cruz. Tudo isso em torno do projeto de "higienização" da cidade!

A seguir a letra do samba da União da Ilha de 1997:

O meu pensamento voa
Me leva ao infinito
Vou girando meu compasso
Passo a régua e mudo o traço
Fazendo o Rio ficar mais bonito

Botei tudo abaixo (botei)
Levantei poeira (levantei) (bis)
Dei muita porrada (eu dei)
Taí o Rio que sonhei

O carioca...
Ah!... O carioca está contente
A alegria bailou no ar
Gozando de boa saúde, muda de atitude
O esporte já pode praticar
No jogo de bola (com muito prazer)
O banho de mar (se tornou lazer) (bis)
Fiz brilhar...
Pintei meu Rio com retrato de Paris
Com a cidade iluminada
O carioca tem a noite mais feliz
Mostrando ao mundo a riqueza nacional
Meu Rio agora é Belle Époque tropical
A burguesia me levou ao Teatro Municipal
Berço de boêmios seresteiros
Fervilham os bares do meu Rio de Janeiro
Amanheceu...

Amanheceu, floresceu um novo dia
Vou passear, extravasar minha alegria
De bem com a vida eu tô ô ô ô...
É lindo o meu carnaval
E hoje o Rio se tornou cartão postal

Lá vem a Ilha que vem
Toda gostosa também (bis)
Cantando o Rio, cidade maravilhosa

O vídeo da transmissão no momento da letra na tela! A bateria da Ilha sempre dando show!
 
O vídeo de um trecho do desfile de 1997! 
Contamos sempre com sua presença aqui no blog!


sábado, 19 de março de 2011

Ela deu pano pra manga!

Atendendo a pedidos, essa semana a escrava mais ousada da história do Brasil se fará presente!
Seja bem vinda, Xica da Silva! com Salgueiro 1963!

 Zezé Mota interpretou Xica da Silva no cinema, brilhantemente!
Taís Araújo viveu a escrava na novela da rede Manchete e reprisada pelo SBT!
Em 2004 no desfile sobre Minas Gerais, a Estação Primeira de Mangueira representou a casa de Xica em uma alegoria belíssima.

A letra do samba enredo antológico narra a história de Xica da Silva, escrava que se apaixonou pelo contratador de diamantes João Fernandes de Oliveira:

Apesar
De não possuir grande beleza
Xica da Silva
Surgiu no seio
Da mais alta nobreza.
O contratador
João Fernandes de Oliveira
A comprou
Para ser a sua companheira.
E a mulata que era escrava
Sentiu forte transformação,
Trocando o gemido da senzala
Pela fidalguia do salão.
Com a influência e o poder do seu amor,
Que superou
A barreira da cor,
Francisca da Silva
Do cativeiro zombou ôôôôô
ôôô, ôô, ôô.
No Arraial do Tijuco,
Lá no Estado de Minas,
Hoje lendária cidade,
Seu lindo nome é Diamantina,
Onde nasceu a Xica que manda,
Deslumbrando a sociedade,
Com o orgulho e o capricho da mulata,
Importante, majestosa e invejada.
Para que a vida lhe tornasse mais bela,
João Fernandes de Oliveira
Mandou construir
Um vasto lago e uma belíssima galera
E uma riquíssima liteira
Para conduzi-la
Quando ela ia assistir à missa na capela.

Alguns esclarecimentos:
Contratador: enviado da Coroa Portuguesa para gerir o negócio da extração e envio das pedras (diamantes) para Portugal. 
Galera: modelo de barco à vela.
Liteira: cadeira coberta, conduzida por dois homens ou animais de carga, por meio de dois varais. (foto)

 
 
 
O Salgueiro foi campeão em 1963 com esse desfile monumental! O responsável foi o carnavalesco Arlindo Rodrigues! Quem foi Xica da Silva?
Francisca da Silva de Oliveira, ou simplesmente Xica da Silva (1732-1796), foi uma escrava, posteriormente alforriada, que viveu no Arraial do Tijuco, atual cidade de Diamantina, em Minas Gerais. 
Manteve durante mais de quinze anos um caso estável com o rico contratador de diamantes João Fernandes de Oliveira, tendo com ele vários filhos. 
O fato de uma escrava alforriada ter atingido posição de destaque na sociedade local durante o auge da exploração de diamantes deu origem a Muitas histórias sobre seus hábitos. De acordo com a imaginação popular e várias obras de ficção, Chica da Silva foi uma escrava que se fez rainha utilizando sua beleza e apetite sexual exagerado para seduzir pessoas poderosas, entre as quais o contratador, muito rico.

Ouça o samba (original de 1963) e entenda mais de Xica: 

Abaixo uma cena do filme Xica da Silva, interpretada por Zezé Mota:

 A seguir uma cena do filme "Samba",uma produção internacional onde o Salgueiro realizou um desfile plasticamente parecido com o desfile sobre Xica da Silva exclusivamente para as gravações.



E por fim, o samba em uma versão de um CD dos maiores sucesso da história do Carnaval:

Xica da Silva é mais um exemplo de mulher brasileira que não se importou com os padrões pré estabelecidos e isso adquire ainda mais relevância se pensarmos na época em que fez isso! Auge da exploração de diamantes e ouro em Minas Gerais, escravidão correndo nas veias do Brasil! Viva XICA!

domingo, 13 de março de 2011

A Identidade do Brasil!

Um dos maiores desfiles de todos os tempos no Rio de Janeiro é também um clássico sobre a história do Brasil. Em 1992 a Estácio de Sá trouxe a semana de arte moderna de 1922 para a avenida! Esse evento marca a valorização do nacional, pondo fim à bela época, onde tudo que vinha da Europa era sinônimo de beleza e requinte.


O samba está em qualquer coletânea respeitável sobre as escolas de samba cariocas:

Eu vi (ai meu Deus eu vi)
O arco-íris clarear
O céu da minha fantasia
No brilho da Estácio a desfilar
A brisa espalha no ar
Um buquê de poesia
Na Paulicéia desvairada lá vou eu
Fazer poemas, e cantar minha emoção
Quero a arte pro meu povo
Ser feliz de novo
E flutuar nas asas da ilusão

Me dê, me dá, me dá, me dê
Onde você for eu vou com você

Lá vem o trem do caipira
Prum dia novo encontrar
Pela terra, corta o mar
Na passarela a girar
Músicos, atores, escultores
Pintores, poetas e compositores
Expoentes de um grande país
Mostraram ao mundo o perfil do brasileiro
Malandro, bonito, sagaz e maneiro
Que canta e dança, pinta e borda e é feliz
E assim transformaram os conceitos sociais
E resgataram pra nossa cultura
A beleza do folclore
E a riqueza do barroco nacional

Modernismo movimento cultural
No país da Tropicália
Tudo acaba em carnaval...

Sempre que possível, é interessante buscarmos a palavra dos criadores dos enredos e desfiles. Nessa ocasião o idealizador foi Mário Monteiro.

Paulicéia Desvairada – 70 anos de modernismo no Brasil
          A Estácio de Sá leva para a avenida a transformação causada pelo modernismo no Brasil. Este foi, sem dúvida, o maior movimento que já aconteceu entre nós. No princípio do século, a cultura brasileira estava estagnada. Se começou com a Semana de Arte Moderna, em fevereiro de 1922, em São Paulo, até hoje é impossível dizer se já terminou. 
O Modernismo descobriu um outro Brasil e seu passado artístico. O barroco mineiro até então era desconsiderado. Os modernistas descobriram o nordeste, a Amazônia, o sul, resgataram a modinha tradicional, valorizou o chamado estilo Império (século XIX). Cultuaram o folclore e voltaram-se para as raízes da nacionalidade. Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Villa-Lobos mostraram a todos um novo pais.
          A escola vai contar durante o seu desfile a história deste movimento. Durante as noites de 13, 15 e 17 de fevereiro de 1922, o público reunido no Teatro Municipal de São Paulo, escutou música de Villa-Lobos, poemas de Manuel Bandeira e textos de vários escritores, como Menotti Del Picchia, Mário de Andrade e Plínio Salgado. No saguão do teatro, quadros de Anita Malfati e Di Cavalcanti, entre outros, e esculturas de Brecheret.
          A semana foi um escândalo. Foi aberta com uma conferência do escritor Graça Aranha, já consagrado, e por isso ouvido em silêncio. Na mesma época, a política adquire uma conotação ideológica. Surge o Movimento dos Tenentes.
          E a idéia básica deste enredo é prestar uma homenagem aos 70 anos de Modernismo no Brasil, através de fantasias e alegorias inspiradas na estética do movimento. Será um enredo fundamentalmente visual.
          Nos 80 minutos do desfile, a escola tentará transmitir ao público toda a explosão criativa contida nos textos e poemas de Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Graça Aranha, Manuel Bandeira, Ronald de Carvalho, Menotti Del Picchia e Guilherme de Almeida A nova linguagem cinematográfica de Humberto Mauro, o universo mágico-musical de VilIa-Lobos e o Modernismo ousado dos artistas plásticos Di Cavalcanti, Anita Malfati, Victor Brecheret, Lasar Segal e Tarsila do Amaral. Também serão mostradas a revolução político-social, simbolizada pelo episódio dos 18 do Forte, e a influência do Modernismo na época atual, através do Tropicalismo.
Mário Monteiro

A valorização do Brasil e do brasileiro foi impulsionada, mas acredito que essa questão deveria estar mais presente até os dias dehoje. Onde está a valorização do produto nacional, na questão artística, quando nos deparamos com Justins em todas as esquinas do país? Absolutamente nada contra a globalização, mas quando esta toma o lugar do genuinamente brazuca, devemos sim prestar mais atenção!

Alguns vídeos:
Início do desfile!

 Apresentação da Porta Bandeira Selminha Sorriso, atualmente brilhando na Beija Flor de Nilópolis!
Ao longo dos anos ela acumula títulos e estandartes de melhor Porta Bandeira!

Os momentos decisivos da apuração do resultado!
Foi o primeiro e único título da Estácio de Sá no grupo especial até hoje!


O sempre vibrante desfile das Campeãs do carnaval!
Viva a Estácio de Sá e a valorização da cultura Nacional!
Até a próxima!






terça-feira, 8 de março de 2011

O Negro entra em cena!

Esta semana, emocionado pelo desfile da Nenê de Vila Matilde, no último sábado, ressurgindo no grupo especial do carnaval de São Paulo, agora sem seu maior expoente, seu Nenê, falecido no ano passado, vamos abordar um enredo forte dessa escola cuja tradição dispensa comentários. 
Acima podemos observar o logotipo do enredo da escola. Uma verdadeira obra de arte!

Segue agora a letra do samba: 

Meu canto é emoção
Vem te conquistar
A Vila é pé no chão
Mama Bahia vai te arrepiar

Quando desembarcaram os conquistadores
Do velho mundo veio a ambição
O índio foi cativo no seu chão
O sangue do negro tingiu
O nosso povo surgiu dessa mistura ideal
Nascia a cidade de São Salvador
Ô ô a nossa primeira capital
Gira a moenda no ciclo da cana
No grito do negro emana
O canto de várias nações
A arte, o barroco e a cultura, literatura
Quilombolas invasões
As revoluções

Se meu pai é Xangô o rei Ioruba
Banto, sudanes, Malê, haussá
Caboclo de angola, também sou mais um
Ópera Negra da Nenê, é Lídia de Oxum

Salvador negritude em redenção
Minha águia anuncia
Clamor de alegria, na velha Bahia que satisfação
Venha ver o povo Negro, vem dançar
Cantos de libertação soam no ar
O tambor se manifesta, na ladeira do pelô
a minha vila faz a festa


 
O samba é muito bom, característico da escola, com batida forte e muito ânimo!
A principal questão que gera dúvidas e curiosidade é a Ópera Negra do qual fala o samba. Para
esclarecer esse ponto abaixo seguem as palavras do carnavalesco da escola (André Machado), na sinopse do enredo: 


Lídia de Oxum

 No final do século xix chega  na Bahia, lourenço de aragão, o filho de um poderoso
barão de cana de açúcar, que foi estudar direito em Coimbra e voltou contaminado com
idéias libertarias do final do século. Ele chega  também no auge de uma rebelião de
escravos, conhece lídia de oxum e se apaixona pela bela mestiça, a filha de bonfim,
chefe dos negros, amada pelo negro tomas de ogum, um  líder revolucionário.
Na historia, o triangulo amoroso e apenas e pano fundo para os anseios e ideais de
liberdade que a raça negra (população majoritária) sempre almejou e a sua concretização
so aconteceu, se e que realmente aconteceu, quando no momento de levante final entre os
negros e brancos veio a noticia de que a princesa isabel havia assinado  a lei áurea
proclamando a abolição da escravatura o que teria colocado um ponto final no final no
impasse. A busca pela igualdade racial que a obra retrata com propriedade, parece ter
delineado o mapa do dna do povo baiano que durante os anos conviveu com o amor entre
as diferenças e acabou tendo um papel fundamento na formação das cores, tons e matizes
de nossa aquarela.

Mãe de todos

 Como seria a Bahia sem o legado da cultura africana? Talvez não se comeria o que se
come hoje,  não rezaria o que se reza e como se reza, não teria o gingado na dança o
colorido no arte, tão pouco, a forca na musica não fosse a riquíssima herança cultural
 trazida pelos milhares de escravos vindos da áfrica, sobreviventes do ventre da besta
– o porão dos navios negreiros.  
E mesmo que no inicio tenha havido apenas uma adaptação
dos padrões de comportamento do negros a condições de vida a que foram submetidos, na Bahia,
parece que os demais povos e que se viram na contingência de absorver e adotar inúmeras
tradições africanas.

O jeito de pensar e agir do africano traçou com pinceladas sutis e definitivas a maneira
de viver e conviver na Bahia. 
A forca vital da sua  cultura foi mais forte do que a chibata
 e a água benta, e o sangue que se adicionou no decorrer do tempo as duas outras matrizes
foi fundamental para o singularidade da cultura baiana – a mama áfrica foi mãe da Bahia e a
 mama Bahia, mãe de todos. 
Ser negro e ser baiano e vice versa, pois baiano não e apenas
nascer na Bahia, e sim, um estado de espírito, uma filosofia, logo ser negro também, e
brancos podem ser negros, e índios ser negros. 
Os negros podem ser tudo na concepção de
vida baiana: ser historia, símbolos e lendas, som, musica e dança; e podem ser opera.
Por isso, salve todos os índios, brancos, negros e mestiços que ilustraram a historia
da Bahia. Salve os baianos legítimos ou aqueles que carregam a Bahia na alma, que elevaram
a cultura negra – a cultura brasileira – para âmago das futuras gerações.
 
O que escreveu o carnavalesco não necessita de maiores esclarecimentos, é forte e preciso!
Para fechar essa homenagem ao negro e sua luta ao longo da históri do Brasil, segue o vídeo do desfile antológico da nenê de Vila Matilde em 1997 com o enredo "Narciso Negro".



Eis a letra:

Narciso negro

O Negro é amor (amor, amor )
Negro é capaz, é capaz.
O negro é lindo, evoluindo
Sempre mais

É manhã
Vindos da África
Exportados sem querer
A negritude está em festa
"Nenê", sou mais você
Reluziu pelos continentes
Se destacou, se fez presente
De cana às minas de ouro
Sou herança de Zumbi
Sou liberdade, sou povo

Sou negro, sou arte
O estandarte do carnaval
Sou baluarte da cultura nacional
Hoje o negro sim
No esporte,
Na cultura e religião
É o orgulho
Deste mundo inteiro
Ademar foi o primeiro
Rei Pelé, eterno campeão
Musicalmente temos luz
Salve Clementina de Jesus
Um canto livre ecoa pelo ar
Vaidosa, minha "Vila" vai passar
No lago da reflexão
Espalhando a miscigenação
É tão sublime, é divinal
Com sutileza
Fiz valer meu ideal

O negro é amor (amor, amor )
Negro é capaz, é capaz.
O negro é lindo, evoluindo
Sempre mais

  Viva a miscigenação! 

Viva o Carnaval! 

Viva o Brasil! 

Viva nossa Cultura! 

Viva!

sábado, 5 de março de 2011

Somente essa semana!

Caros amigos do blog, excepcionalmente essa semana a atualização será feita na segunda-feira.
O motivo é nobre! Neste sábado estarei desfilando pela Nenê de Vila Matilde!
Um ótimo carnaval a todos e logo voltaremos!