Sou Cultura viva, pulsando no compasso da bateria! Sou sangue do gigante Brasil!

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terça-feira, 8 de março de 2011

O Negro entra em cena!

Esta semana, emocionado pelo desfile da Nenê de Vila Matilde, no último sábado, ressurgindo no grupo especial do carnaval de São Paulo, agora sem seu maior expoente, seu Nenê, falecido no ano passado, vamos abordar um enredo forte dessa escola cuja tradição dispensa comentários. 
Acima podemos observar o logotipo do enredo da escola. Uma verdadeira obra de arte!

Segue agora a letra do samba: 

Meu canto é emoção
Vem te conquistar
A Vila é pé no chão
Mama Bahia vai te arrepiar

Quando desembarcaram os conquistadores
Do velho mundo veio a ambição
O índio foi cativo no seu chão
O sangue do negro tingiu
O nosso povo surgiu dessa mistura ideal
Nascia a cidade de São Salvador
Ô ô a nossa primeira capital
Gira a moenda no ciclo da cana
No grito do negro emana
O canto de várias nações
A arte, o barroco e a cultura, literatura
Quilombolas invasões
As revoluções

Se meu pai é Xangô o rei Ioruba
Banto, sudanes, Malê, haussá
Caboclo de angola, também sou mais um
Ópera Negra da Nenê, é Lídia de Oxum

Salvador negritude em redenção
Minha águia anuncia
Clamor de alegria, na velha Bahia que satisfação
Venha ver o povo Negro, vem dançar
Cantos de libertação soam no ar
O tambor se manifesta, na ladeira do pelô
a minha vila faz a festa


 
O samba é muito bom, característico da escola, com batida forte e muito ânimo!
A principal questão que gera dúvidas e curiosidade é a Ópera Negra do qual fala o samba. Para
esclarecer esse ponto abaixo seguem as palavras do carnavalesco da escola (André Machado), na sinopse do enredo: 


Lídia de Oxum

 No final do século xix chega  na Bahia, lourenço de aragão, o filho de um poderoso
barão de cana de açúcar, que foi estudar direito em Coimbra e voltou contaminado com
idéias libertarias do final do século. Ele chega  também no auge de uma rebelião de
escravos, conhece lídia de oxum e se apaixona pela bela mestiça, a filha de bonfim,
chefe dos negros, amada pelo negro tomas de ogum, um  líder revolucionário.
Na historia, o triangulo amoroso e apenas e pano fundo para os anseios e ideais de
liberdade que a raça negra (população majoritária) sempre almejou e a sua concretização
so aconteceu, se e que realmente aconteceu, quando no momento de levante final entre os
negros e brancos veio a noticia de que a princesa isabel havia assinado  a lei áurea
proclamando a abolição da escravatura o que teria colocado um ponto final no final no
impasse. A busca pela igualdade racial que a obra retrata com propriedade, parece ter
delineado o mapa do dna do povo baiano que durante os anos conviveu com o amor entre
as diferenças e acabou tendo um papel fundamento na formação das cores, tons e matizes
de nossa aquarela.

Mãe de todos

 Como seria a Bahia sem o legado da cultura africana? Talvez não se comeria o que se
come hoje,  não rezaria o que se reza e como se reza, não teria o gingado na dança o
colorido no arte, tão pouco, a forca na musica não fosse a riquíssima herança cultural
 trazida pelos milhares de escravos vindos da áfrica, sobreviventes do ventre da besta
– o porão dos navios negreiros.  
E mesmo que no inicio tenha havido apenas uma adaptação
dos padrões de comportamento do negros a condições de vida a que foram submetidos, na Bahia,
parece que os demais povos e que se viram na contingência de absorver e adotar inúmeras
tradições africanas.

O jeito de pensar e agir do africano traçou com pinceladas sutis e definitivas a maneira
de viver e conviver na Bahia. 
A forca vital da sua  cultura foi mais forte do que a chibata
 e a água benta, e o sangue que se adicionou no decorrer do tempo as duas outras matrizes
foi fundamental para o singularidade da cultura baiana – a mama áfrica foi mãe da Bahia e a
 mama Bahia, mãe de todos. 
Ser negro e ser baiano e vice versa, pois baiano não e apenas
nascer na Bahia, e sim, um estado de espírito, uma filosofia, logo ser negro também, e
brancos podem ser negros, e índios ser negros. 
Os negros podem ser tudo na concepção de
vida baiana: ser historia, símbolos e lendas, som, musica e dança; e podem ser opera.
Por isso, salve todos os índios, brancos, negros e mestiços que ilustraram a historia
da Bahia. Salve os baianos legítimos ou aqueles que carregam a Bahia na alma, que elevaram
a cultura negra – a cultura brasileira – para âmago das futuras gerações.
 
O que escreveu o carnavalesco não necessita de maiores esclarecimentos, é forte e preciso!
Para fechar essa homenagem ao negro e sua luta ao longo da históri do Brasil, segue o vídeo do desfile antológico da nenê de Vila Matilde em 1997 com o enredo "Narciso Negro".



Eis a letra:

Narciso negro

O Negro é amor (amor, amor )
Negro é capaz, é capaz.
O negro é lindo, evoluindo
Sempre mais

É manhã
Vindos da África
Exportados sem querer
A negritude está em festa
"Nenê", sou mais você
Reluziu pelos continentes
Se destacou, se fez presente
De cana às minas de ouro
Sou herança de Zumbi
Sou liberdade, sou povo

Sou negro, sou arte
O estandarte do carnaval
Sou baluarte da cultura nacional
Hoje o negro sim
No esporte,
Na cultura e religião
É o orgulho
Deste mundo inteiro
Ademar foi o primeiro
Rei Pelé, eterno campeão
Musicalmente temos luz
Salve Clementina de Jesus
Um canto livre ecoa pelo ar
Vaidosa, minha "Vila" vai passar
No lago da reflexão
Espalhando a miscigenação
É tão sublime, é divinal
Com sutileza
Fiz valer meu ideal

O negro é amor (amor, amor )
Negro é capaz, é capaz.
O negro é lindo, evoluindo
Sempre mais

  Viva a miscigenação! 

Viva o Carnaval! 

Viva o Brasil! 

Viva nossa Cultura! 

Viva!

4 comentários:

  1. Infelizmente o emocionante desfile não foi suficiente para manter a escola 12 vezes campeã no grupo especial!
    Mas, fica a certeza de que em 2013 a Nenê estará novamente no seu lugar! Entre as grandes do carnaval paulista!

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  2. E ae Prof. Schuh, quando puder escreva sobre o enredo do Salgueiro sobre a vida de Chica da Silva, se não me engano era de 1963. Valeu.

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  3. Com certeza absoluta este enredo estará presente no blog, podem esperar!

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