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sábado, 16 de abril de 2011

É Hoje o dia de tomar um Porre de FELICIDADE!

Como sabemos, a história não se faz só com grandes eventos como guerras, revoluções, etc.
Muitas vezes, a história de certas figuras humanas mundialmente conhecidas podem render páginas de informações riquíssimas sobre um período histórico ou sobre a realidade acerca do personagem em questão. 

No mundo das escolas de samba o recurso de contar a vida ou homenagear um personagem público é corriqueiro. Muitas vezes, esses personagens são desconhecidos para o grande público e nesse sentido, as escolas tem um papel fundamental na construção da identidade do país, das comunidades que representam. 

Essa semana escolhemos exatamente uma homanagem muito específica a um personagem de extrema relevância na história da escola de samba União da Ilha do Governador. Figura constante nos tribunais do Rio de Janeiro nos anos 1970, o procurador da República Gustavo Adolfo de Carvalho Baeta Neves morreu em 1987 e não deixou obras como jurista.

Mais de duas décadas após sua morte, porém, não há Carnaval em que as músicas que ele compôs não ecoem pelas ruas e salões de todo o país. Autor de clássicos como "O Amanhã" ("A cigana leu o meu destino, eu sonhei") e "É Hoje" ("A minha alegria atravessou o mar e ancorou na passarela"), Baeta Neves - ou Didi, como ficou conhecido - é o maior vencedor de disputas de sambas de enredo da história do Carnaval carioca, dizem pesquisadores.

Em 52 anos de vida, levou 24 sambas ao desfile -16 na União da Ilha, 4 no Salgueiro e 4 no bloco Boi da Freguesia, que deu origem à escola Boi da Ilha. O que hoje soa como motivo de orgulho era, nos anos 1950, uma vergonha para sua família. "Ele brigou com a mãe e nunca mais falou com ela", conta Alberto Mussa, sobrinho do compositor e autor, em parceria com Luiz Antonio Simas, do livro "Samba de Enredo - História e Arte", recém-lançado pela editora Civilização Brasileira.

A família do sambista havia sido muito rica, mas perdeu a fortuna quando o pai dele morreu, com apenas 35 anos, em 1937. Nessa época, Didi tinha apenas dois anos e sua família se mudou do Méier, onde chegou a ter motorista particular, para a ilha do Governador, onde ocupou um porão.

Aos 19 anos, em 1955, o compositor venceu sua primeira disputa de samba-enredo, na União da Ilha. Para amenizar broncas em casa, assinou usando o apelido Didi. Enfrentando o preconceito da família, ele continuou concorrendo e quase sempre vencendo. Em 1967 e 1968 concorreu também no Salgueiro e venceu, mas não assinou a autoria, ainda hoje atribuída apenas a Aurinho da Ilha.

Em 1971, casado com uma mulher que também criticava seu envolvimento com o samba, segundo Mussa, Didi se afastou do Carnaval. A decisão não durou mais que sete anos. Antes da folia de 1978, já com outra mulher e após abandonar o cargo de procurador, ele voltou à ala de compositores da União da Ilha. Mas as regras da ala exigiam um ano de "carência", em que ele não poderia disputar o samba. Por isso, diz Mussa, "O Amanhã" foi assinada apenas por João Sérgio.

Em 83 concorreu na Ilha e no Salgueiro, ambas do Grupo Especial. Embora não figurasse como autor no Salgueiro, a notícia se espalhou e o samba de Didi foi descartado pela Ilha. Mas ele venceu no Salgueiro. Nos dois anos seguintes, voltou a vencer a disputa na Ilha.

Em 1987, Didi voltou a vencer no Salgueiro. Vítima de um derrame e portador de cirrose, não pode ir à escola na noite da escolha do samba. Morreu em abril, sem deixar filhos. Quatro anos depois, o compositor virou enredo da União da Ilha. O samba que o homenageou diz: "Hoje eu vou tomar um porre, não me socorre, que eu tô feliz". "É um retrato fiel da rotina e do espírito dele", afirma o sobrinho.

 O samba antológico é um dos mais executados entre os melhores de todos os tempos no carnaval do Brasil:


Hoje eu vou tomar um porre!
Não me socorre
Que eu tô feliz!
 
Nessa eu vou de bar em bar
Beber a vida
Que eu sempre quis
E no bar da ilusão eu chego
É pura a paixão que eu bebo
Amor, me deseja, me dá um chamego
Me beija e faz um cafuné

"Bebo" vem e "bebo" vai
Que nem maré
Balança mas não cai
Boêmio é!

Garçom! Garçom!
Bota uma "cerva" bem gelada aqui na mesa
Que bom! Que bom!
Minha alegria deu um porre na tristeza

Poeta, enredo da canção
Cartilha que eu aprendi
Canta a Ilha d'emoção
Saudade de você, Didi! (Amor, amor!)

Amor, amor! Eu vô!
É nessa aqui que eu vô!
O Sol vai renascer do meu astral (bis)
Amor, amor! Eu vô!
Ô skindô, skindô!
Num gole eu faço um Carnaval

Olha eu falei que eu vô!...

Veja a arrepiante arrancada da escola em 1991, na voz do gigante e saudoso Aroldo Melodia: 
Lembrando sempre que a bebida deve ser consumida de forma moderada e consciente, mas a alegria não tem dose, pode e deve ser consumida de forma contínua!
Aproveitem a vida, sorrir, brincar, enfim, VIVER!


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