Sou Cultura viva, pulsando no compasso da bateria! Sou sangue do gigante Brasil!

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sábado, 26 de fevereiro de 2011

"Quem quer comprar? Eu vou vender!!"

Inaugurando os enredos de São Paulo no blog, buscamos a Pérola Negra, escola em ascenção no carnaval
paulistano dos últimos anos. Em 2007 apresentou o enredo "Venda como arte, comércio como sua principal representação". O carnavalesco era Jorge Freitas, acostumado a enredos com temas históricos. 


O Samba é muito alegre, descontraído, agradável para os espectadores:

Canta Pérola Negra
Me leva a sonhar
Na arte de amar, sou especial
Brilhando neste carnaval

O sangue dos fenícios eu herdei, naveguei,
Negociei, fiz riquezas
A mãe terra, natureza
Elo desta arte milenar
Já fui pirata, ouro e prata eram lei
O oriente despertou minha cobiça
Surgiram cores do oceano, me encantei

Pintou no mar, caravelas ao vento
Ao ancorar vou desvendar
E explorar este solo sagrado
Abençoado, pelas mãos do criador

E foi assim, que o tupiniquim
Viu a fauna e a flora
Levadas embora
Pra que tanta ambição
Tesouros, belezas
Enriqueceram a coroa portuguesa (e hoje)
Hoje a loucura é geral
Comércio do bem, comércio do mal
 
A Vila Madalena a negociar
Faz a pergunta que não quer calar
Quem quer comprar..eu vou vender
Só não vendo meu amor, jóia rara por você

Vejamos alguns pontos importantes abordados no desfile:

O sangue dos fenícios eu herdei, naveguei,
Negociei, fiz riquezas


Os fenícios foram responsáveis pela formação de uma rica civilização que ocupou uma faixa do litoral mediterrâneo que adentrava o território asiático até as montanhas do atual Líbano e graças ao seu posicionamento geográfico, acabou viabilizando o contato comercial com várias caravanas nômades.

O desenvolvimento do comércio entre os fenícios aconteceu primordialmente através da realização de trocas de mercadorias. Com o passar do tempo, a expansão das atividades privilegiaram a fabricação de moedas que facilitaram a realização de negócios. 

Sob tal aspecto, devemos ainda destacar a grande complexidade do artesanato entre os fenícios. Madeiras, tapetes, pedras, marfim, vidro e metais eram alguns dos produtos que atraíam a atenção dos habilidosos artesãos fenícios.

Outra interessante contribuição advinda do comércio entre os fenícios foi a elaboração de um dos mais antigos alfabetos de toda História. Por meio de um específico conjunto de símbolos, os fenícios puderam empreender a regulação de suas atividades comerciais e expandir as possibilidades de comunicação entre as pessoas.

A mãe terra, natureza
Elo desta arte milenar

A agricultura em diversas civilizações foi a responsável pelo desenvolvimento comercial por causa 
da produção de excedentes que logo passariam a ser comercializados. Fica aqui a dica para quem se interessa mais sobre a história da agricultura: Desfile da Mocidade Independente de Padre Miguel no
Rio de Janeiro levará para a Sapucaí o enredo  “Parábola dos Divinos Semeadores” , contando a 
história do desenvolvimento das práticas agrícolas.

Já fui pirata, ouro e prata eram lei
O oriente despertou minha cobiça
Surgiram cores do oceano, me encantei

As famosas e cobiçadas especiarias da China, Índias, enfim, eram alvo de comércio e daqueles que
viviam da pilhagem e dos saques, os tradicionais piratas. Outra dica interessante sobre os piratas é o enredo
da Imperatriz Leopoldinense no ano de 2003, “Nem todo o pirata tem a perna de pau,
                                                      o olho de vidro e a cara de mau”.

Pintou no mar, caravelas ao vento
Ao ancorar vou desvendar
E explorar este solo sagrado
Abençoado, pelas mãos do criador

Durante os séculos XV e XVI, os europeus, principalmente portugueses e espanhóis, lançaram-se nos oceanos Pacífico, Índico e Atlântico com dois objetivos principais : descobrir uma nova rota marítima para as Índias e encontrar novas terras. Este período ficou conhecido como a Era das Grandes Navegações e Descobrimentos Marítimos.

No século XV, os países europeus que quisessem comprar especiarias (pimenta, açafrão, gengibre, canela e outros temperos), tinham que recorrer aos comerciantes de Veneza ou Gênova, que possuíam o monopólio destes produtos. Com acesso aos mercados orientais - Índia era o principal - os burgueses italianos cobravam preços exorbitantes pelas especiarias.

O canal de comunicação e transporte de mercadorias vindas do oriente era o Mar Mediterrâneo, dominado pelos italianos. Encontrar um novo caminho para as Índias era uma tarefa difícil, porém muito desejada. Portugal e Espanha desejavam muito ter acesso direto às fontes orientais, para poderem também lucrar com este interessante comércio.

Um outro fator importante, que estimulou as navegações nesta época, era a necessidade dos europeus de conquistarem novas terras. Eles queriam isso para poder obter matérias-primas, metais preciosos e produtos não encontrados na Europa. Até mesmo a Igreja Católica estava interessada neste empreendimento, pois, significaria novos fiéis.
 
Os reis também estavam interessados, tanto que financiaram grande parte dos empreendimentos marítimos, pois com o aumento do comércio, poderiam também aumentar a arrecadação de impostos para os seus reinos. Mais dinheiro significaria mais poder para os reis absolutistas da época.




E foi assim, que o tupiniquim
Viu a fauna e a flora
Levadas embora
Pra que tanta ambição
Tesouros, belezas
Enriqueceram a coroa portuguesa

Mais uma vez as escolas de samba prestam um serviço de esclarecimento sobre a história nacional, recheada de momentos de exploração, que infelizmente em muitos momentos é esquecida. Nossas 
riquezas foram levadas e os habitantes originais da terra, os "donos da terra!" como a Unidos da 
Tijuca cantou em seu samba antológico de 1999 ficaram a ver navios, ou melhor, a ver caravelas 
portuguesas saírem carregadas de riqueza em direção ao velho mundo.


Hoje a loucura é geral
Comércio do bem, comércio do mal

A escola finaliza o enredo caractrizando o comércio atual e podemos observar no desfile a referência
às bolsas de valores e o comércio eletrônico, utilização dos cartões de crédito, o dito dinheiro de 
plástico que tanto facilita nossa vida.


A Vila Madalena a negociar
Faz a pergunta que não quer calar
Quem quer comprar..eu vou vender
Só não vendo meu amor, jóia rara por você 

Enfim, um passeio pelo comércio ao longo da história da humanidade e a conclusão de que o amor
pela própria escola "não tem preço!", já para todas as outras coisas...
O próprio espetáculo das escolas de samba sobrevive, em muitos casos através da comercialização de
fantasias para desfile, venda de camisetas, cds, ingressos para a avenida, etc.




O desfile apresentou alguns problemas técnicos em carros alegóricos, mas seu planjemanto e enredo
foram muito bem pensados pelo carnavalesco da escola. 
Obrigado a todos pelo grande número de visitas e até a próxima semana.

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